58.

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Gabi.

Subi aquele morro cansada, eu tava morta por dentro e por fora. Dor nas costas, dor de cabeça, dor nas pernas, dor na barriga de fome, aquele cheiro de hospital pelo meu corpo.

Encontrei um vapor no caminho e fiz ele me levar até em casa.

Entrei vendo Gio, Fininho, Felipe, meu pai e minha mãe no sofá comendo.

Gabi: E aí galera - falei cansada.

Coringa: Tua mãe tá grávida - disse eufórico.

Gabi: Tô sabendo já - dei língua. - Vai me dar um abraço não Felipe? - cruzei os braços.

Felipe: Comer primeiro - sorriu com a pizza na boca.

Dei risada e sentei no sofá do lado do fininho.

Gabi: Como tu tá cara? - analisei a barriga dele com curativo.

Fininho: Vivo graças a você rapariga véia - beijou minha cabeça.

Gabi: Graças a mim não, graças a Deus - deitei a cabeça no ombro dele.

Gio: Como foi lá na delegacia? - engoliu a pizza.

Gabi: Foi rápido. - me ajeitei e olhei pro meu pai. - A delegada me reconheceu e falou que sou filha do coringa.

Coringa: Eita porra, e num tá presa porque? - me olhou.

Gabi: Porque diz a Paloma que te conhece e mandou te agradecer pelo oque fez por ela, que jamais irá esquecer.

Gio: Te conhece da onde? - olhou pro meu pai.

Carol: Quero saber também, diz aí - todo mundo olhou pro coringa.

Felipe: Vovô se ferrou - deu risada.

Coringa: Paloma? - perguntou tentando lembrar.

Gabi: Uma que estudou comigo. - refresquei a memória dele.

Coringa: Ah tá, a Paloma - falou lembrando. - Ela já morou nesse morro por uns anos, e na época eu lembro que ela tinha saído um pouco mais tarde da escola naquele dia, acabou que eu vi um cara entrando no mesmo beco que ela, pique seguindo a mina taligado. - prestei atenção pegando um pedaço da pizza. - Fui atrás e vi ele tentando abusar dela, atirei na cabeça dele e fim. - disse tranquilo. - Ela chorou muito nos meus braços, levei ela até a casa dela e depois disso nunca mais vi ela.

Fininho: Eu lembro dessa história aí, eu era adolescente ainda quando rolou boatos que ela sumiu do morro por medo. - puxou assunto - Agora que ela tinha virado delegada eu não sabia não.

Coringa: Nem eu - mexeu no celular. - Cresceu em morro e viu o jeito que os polícia tratava morador, e virou delegada se juntando com o bota. Foda né nega - debochou e eu ri.

Gio: As vezes ela viveu outra realidade ne. - disse por fim.

Coringa: Morando em favela, como que vive outra realidade? - perguntou pra ela que nem fez questão de responder pois estava mastigando.

Fiquei quieta, dei um cheiro no meu filho e subi pro quarto indo tomar banho.

•••

Hoje eu encerro meu dia completando 19 aninhos... 🧜🏼‍♀️
Por isso o sumiço, ❤️

Anos Luz.Where stories live. Discover now