Capítulo 46

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Amanda

Acordo no quarto sozinha, Vicenzo não está, ele deve ter voltado para o escritório.
Pego meu celular, já são quase 18h, tem uma mensagem da minha avó.

"Sinto muito por tudo, espero que um dia você possa me perdoar"

Ela deve ter se arrependido das coisas horríveis que me falou mais cedo. Sabia que ela se arrependeria, sinto-me aliviada ao ler a mensagem dela.

A porta do quarto se abre, é Vicenzo, ele caminha em minha direção, me cumprimentando com um beijo nos lábios.

— Está melhor mia bella.

— Sim, minha vó me enviou uma mensagem, acho que ela se arrependeu das coisas que falou para mim.

Pego meu celular e mostro a mensagem para ele. Vicenzo está sério.

— O perdão que ela se refere não tem nada haver com a discussão de vocês mais cedo.

— Como não, claro que é sobre a discussão.

Ele se afasta, parecendo inquieto.

— Não sei nem como te falar isso.

Ele está me assustando.

— Não sabe como falar o que?

— Eu fui até sua casa falar com sua vó.

— Por que você fez isso?

— Porque achei estranho a forma que ela falou com você, tive a impressão que ela sabia mais sobre seu pai do que dava a entender e eu estava certo.

— Como assim?

— Ela sempre soube que seu pai era Anton Petrova, um membro da Máfia Russa.

— Não, ela me contaria.

Ele se aproxima de mim.

— Amanda ela sabia o tempo todo... Eu vou falar para você tudo que ela me contou, então você entenderá o porque da mensagem dela.

Estou sentada na cama com a cabeça baixa tentando assimilar tudo que Vicenzo acabou de contar. Não acredito que minha vó fez isso comigo.

Uma angústia enorme se forma em meu peito. Minha mãe está morta... Eu sempre desconfiei disso, mas agora tenho certeza. Ela morreu pensando que eu havia morrido ainda bebê. Meu pai também está morto, assim como meu irmão.

Pessoas que eu nunca conheci... Que nunca tive a oportunidade de conhecer.

Se minha vó tivesse me contado eu teria conhecido eles... Se minha mãe tivesse me levado com ela minha vida teria sido completamente diferente.

Olho para Vicenzo.

— Minha mãe não me abandonou, ela me queria... Ela me amava. Todos esses anos cresci acreditando que fui um erro para minha mãe, que fui gerada e abandonada, mas não é verdade.

Vicenzo me abraça.

— É impossível não te amar Amanda.

Ouvir meu nome me faz refletir, "Amanda" essa sou eu... A garota humilde e tímida, criada por minha vó depois que minha mãe me abandonou... Agora vejo que minha vida foi baseada em mentiras.

Yelena Petrova nunca teve a oportunidade de existir... Até o nome escolhido por meus pais foi tirado de mim.

O egoísmo da minha vó me privou de tanto...

Eu entendo que ela teve medo... Mas porque ela não parou com todas essas mentiras quando descobriu sobre a morte da minha mãe.

Sinto uma tristeza profunda, é como se um nó se formasse em minha garganta, Minha vó sempre foi meu norte, a pessoa em quem eu mais confiava, mas agora me sinto traída, ele bagunçou minha vida.

— Vicenzo estou tão magoada com ela, mas mesmo assim não consigo odiá-lá, estou com raiva, muita raiva... Mas ao mesmo tempo por todos esses anos ela só me deu amor, nunca me deixou faltar nada.

— Não sou a melhor pessoas para conselhos... Não tenho todo esse seu discernimento. Eu acho que você está magoada agora, mas com o tempo vai perdoar ela.

Vicenzo

É claro que ela vai perdoar a velha... Eu não entendo a Amanda, a infeliz da vó dela mente pra ela a vida inteira e ela vem com esse papo de "Ela sempre me amou" Fala sério! Eu no lugar dela matava essa velha mentirosa.

— Você deve estar me achando uma boba por não conseguir odiá-la né.

— Não estou!

Ela me encara.

— Quero ficar longe dela, apesar de não odiá-la, estou muito magoada.

Que bom pois eu não suporta aquela velha.

— Vai ser melhor assim, deixa ela refletir sobre as atitudes egoístas dela. 

Ela fica em silêncio por um tempo.

— No que você está pensando?

— Em Bóris Petrova, ele queria matar minha mãe grávida... O que o fez mudar de ideia será?! No final ele até aceitou o casamento deles.

O pai dela deve ter matado a noiva ou prometida dele, ou algo do tipo para poder casar com a mãe da Amanda.

— Não faço ideia.

— A história da minha mãe se parece com a minha... Em um mês vou fazer 20 anos, quando meu bebê nascer terei a mesma idade que minha mãe no meu nascimento e ainda me casei com um mafioso.

— Não, a sua é mil vezes melhor, pois você não teve que casar com nenhum Russo da Bratva.

Ela ri.

— Verdade, me casei com um Capo  da Máfia Italiana que me trás café na cama e prepara ovos com bacon.

Ela está mais animada até tirou sarro de mim, que bom, o estado de espírito dela melhorou.

— Você está bem engraçadinha, fique sabendo que negareis até a morte.

— E eu me gabarei até a morte.

Ela solta gargalhadas, nós dois rimos juntos.

Alguém bate na porta, é Matteo.

— Vicenzo temos um problema.

Mas será possível?! Não tenho um minuto de paz!

— Puta que pariu o que foi agora?!

Vicenzo: O filho do Don Onde as histórias ganham vida. Descobre agora