Prólogo

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Estava escuro, não enxergava nada.

Estou sonhando? Deve ser um sonho, só pode ser um sonho. Pensei e senti meu corpo flutuar. 

Ahh, tomara que eu não caia da cama. Estou caindo? Estou caindo. Logo devo me chocar contra o chão do quarto e vou acordar.

Continuo caindo...? Acho que estou pendurada na borda da cama. Será que consigo me agarrar em algo?

Estiquei meus braços, mas não havia nada ao meu redor. Nenhum lençol, prateleira ou travesseiro. Eu tateava as mãos no vazio. Eu continuava caindo.
Abri os olhos mas o ambiente continuava escuro. Era um limbo estranho que me rodeava. Não entendia o que estava acontecendo. Eu não estava sonhando? Pensei.

Uma sensação de pânico tomou conta de mim. Eu estava caindo ainda e não sabia para onde. Caindo sem parar, sem diminuir a velocidade, sem encontrar o fim. Estiquei os braços tentando me agarrar em qualquer coisa, mas isso só fez com que meu corpo, começasse a rodopiar. Ficou ainda mais difícil entender o que acontecia e porquê eu estava naquela situação. O ar escapava da minha garganta e eu sufoquei por instantes intermináveis enquanto girava no ar. Minha cabeça pulsava e meus pensamentos se embaralhavam, senti uma náusea estranha enquanto ainda me retorcia e lutava para me agarrar em algo. 

Mas era inútil, eu continuava despencando.

A escuridão me deixou de repente e pude ver luzes. Luzes! Estaria chegando ao meu destino? Senti um nó no estômago ao pensar que logo me estatelaria em algum lugar. Estava apenas esperando o momento da minha morte. Enquanto me desesperava, balançava ainda mais os braços e pernas, queria me agarrar à vida.
Não sabia se havia passado segundos ou horas, eu ainda estava viva, meu coração a um fio de ter uma parada. Senti meu corpo estalar, minha pele se aquecer, meu sangue borbulhar.

O que era isso? Eu iria morrer?

Meus olhos começaram a arder enquanto meu desespero se liquefazia e pingava para fora do meu corpo e flutuava no espaço.

A claridade aumentou, luzes explodiam para longe, correndo na direção oposta à que eu despencava. Pude enxergar meus braços e uma coceira incômoda me atingiu. Pedaços de algo sujavam meu rosto e se espalhava no ar. 

Era minha pele que descamava. 

Eu assisti meu corpo se desfazer enquanto gritava meus pulmões para fora, chorando e pedindo aos céus para alguém me salvar. Tudo queimava, meus olhos ardiam, meu peito parecia explodir e um rugido afogava meus gritos. Então senti um tranco muito forte e minha mente apagou.

A TerceiraWhere stories live. Discover now