Capítulo 11 - Tensão no Grupo

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Não houve tempo para raciocinar, pois batidas na porta chamaram minha atenção. Com alívio, escutei Chelon chamar meu nome e, sorrindo, eu abri a porta da sala. Notei que sua capa estava aberta, era a primeira vez que eu via suas roupas e forma. O corpo diferia de seu rosto esquelético e animalesco, eu via ombros largos por baixo das ombreiras de sua túnica de gola alta de tecido elegante, preto com arabescos bordados em linha cor de vinho. Seu tronco quadrado, envolvido por um cinto de couro, indicava um físico atlético e pernas longas cobertas por uma calça de tecido enfiada em botas de couro.

— Vejo que recebeu as folhas da criada. — ele olhou para mim.

— Sim, só preciso descartar a outra... — eu falei tímida, segurando o pacote firme atrás de mim.

— Deixe comigo, eu descarto para você. — ele esticou o braço e eu dei um passo para trás.

— Se tiver um lixo, pode deixar que eu mesma jogo. — falei já olhando ao redor.

— O que está procurando? — ele soou confuso.

— Uma... lixeira....? — eu sussurrei a palavra final, quase interrompendo a frase.

Será que não existem lixeiras aqui? Por que ele parece confuso? O que eles fazem com o lixo?!

Parei por um momento, sem saber o que dizer, com medo de tornar a situação ainda mais confusa. Chelon se manteve estático, me olhando, talvez esperando uma resposta. A quietude daquele instante fez minhas mãos tremerem. Eu precisava falar algo, quebrar aquele silêncio, evitar que Chelon fizesse perguntas que eu não pudesse responder.

— M-melhor você descartar para mim então... — eu estendi o pedaço de trapo que escondia.

Chelon segurou o embrulho nas mãos por um instante e depois o enfiou numa bolsa que ele trazia.

— V-vai jogar isso fora, né? — eu perguntei.

— Não se preocupe com isso, eu darei um jeito. Ninguém vai saber. — ele falou e eu lembrei da falta de reação de Romi.

— Por acaso aquela criada que veio me atender estava ciente? Disse algo para ela? — eu perguntei. Chelon colocou as mãos sobre os meus ombros.

— Não. Eu não revelei nada a ninguém, não faria isso sem o seu consentimento.

Eu o encarei ainda confusa.

— Mas... eu tive que ficar nua. Ela não disse nada. Não se assustou, não gritou, não disse nada. Por que ela ficou quieta? Eu não entendo. — Cocei a cabeça confusa.

E se ela sabia e manteve-se calada para não me alarmar? Ela foi avisar o senhorio? Eu vou para o Cristal dos Mortos?!

Chelon me segurou com firmeza, como se quisesse me trazer para a realidade. Suas mãos subiram para a lateral do meu rosto e forçaram a encará-lo mais uma vez. Eu segurei seus pulsos, ainda tentando entender o que acontecia.

— Calma. — ele falou. — A criada não reparou. Acredite em mim.

— Mas... como? — eu falei chorosa. As mãos dele relaxaram e desceram para meus ombros num suspiro.

— As Asterianas possuem características muito distintas que você não possui, Shino.

— Co-como assim? — eu me afastei me sentindo ligeiramente ofendida.

— Asterianos recebem influência direta dos astros. Em nosso céu temos o Astro quente e o Astro frio. As Asterianas recebem influência direta do astro quente trazendo consigo o poder da fertilidade e todas herdam a cor de seus raios, por isso possuem cabelos dourados, vermelhos ou platina, dependendo do horário que vem ao mundo. Seus cabelos são negros e frios, como os Asterianos. Por esse motivo, você é especial, é diferente de qualquer Asteriano que andou neste domínio.

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