Mike and The Bike

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Eu encarava a televisão com os olhos semicerrados, tentando entender se aquela série com uma computação gráfica duvidosa era minimamente atrativa para o que eu queria ver naquele momento, mas decidindo que no fim, não era. Abri minha Netflix e passei a pesquisar minuciosamente sobre as séries que encontrava ali, completamente jogado em meu sofá. Ajeitei a camisa cinza que usava, passando a mão pela minha barriga e bocejando levemente. Era estranho não ter realmente nada para fazer durante a tarde, ainda teria que me acostumar com aquilo.

Depois de mais de vinte minutos procurando algo que não fosse desinteressante como alguns dos realitys que encontrava pela frente, finalmente achei um título que parecia poder me entreter pela tarde. Os primeiros minutos de Sandman tinham sido caóticos mas ao mesmo tempo calmos, sendo introduzido um mundo de magia, algo que eu gostava bastante. Então, permaneci na mesma posição por um tempo, apenas encarando a televisão enquanto os episódios passavam, de vez em quando pegando meu celular para responder Diana e ver se Keith tinha me mandado mensagem.

O dia estava estranhamente mais quente do que todos os outros anteriormente, tanto que eu havia até mesmo suado que nem um porco enquanto dormia, e agora passava um calor imenso dentro de casa, provavelmente porque na área batia muito sol durante o período da manhã e começo da tarde. Eu adorava calor, mas ainda sim era um pouco confuso o clima tão variado assim, fazendo com que eu ficasse na linha tênue de não usar casaco ou usar.

Já haviam se passado mais ou menos duas horas quando senti meu celular vibrar, decidi o ignorar por alguns segundos mas então o ouvi mais uma vez, e mais uma seguida, quase não dando tempo de respirar. Alcancei meu celular rapidamente, me distraindo por apenas um segundo com parte da película de vidro rachada, mas logo vendo a tela acender com o contato de Agustin me ligando. Tinha me esquecido completamente que ele ia passar a tarde em casa para ficar com Finn, e olhando os meus arredores bagunçados, não queria que ele achasse que seu filho morava em um lixão.

O atendi rapidamente, dando um pulo do sofá logo depois, colocando o celular na orelha e passando a caminhar para o meu quarto. Claro, a sala podia estar bem bagunçada, mas era mais importante que minha aparência estivesse minimamente arrumada. Eu era a pessoa que mais tinha contato com seu filho, no caso meu irmão.

— Opa, e aí. — Tentei soar pouco eufórico enquanto caminhava pela casa com passos largos.

— E aí! Só tô ligando pra confirmar que você não esqueceu que eu vou aí, e também perguntar se você já almoçou, posso levar alguma coisa pronta ou alguns ingredientes... Mike?

— O-Oi! — Tinha parado no meio do caminho depois de uma dor agoniante de uma câimbra possuir minha panturrilha, cerrando meus punhos o mais forte que pude para evitar um grito. Agora naquele momento eu batia minha perna contra o chão para que parasse de doer. — Pode ser... É... Trás pronto! Uma... Ai que merda! Digo...

— Tá tudo bem aí? — Ele soou bem preocupado.

— Tá sim, é que eu... Derrubei o prato aqui na pia, eu tô lavando a louça sabe. — Ri baixo, suspirando ao sentir a dor passar, mas logo bufando. Agora teria de lavar a louça. — Enfim, pode trazer uma pizza, só tem eu aqui em casa, e hm... Me trás um chocolatinho.

— Tá bom, tá bom. — Ele riu do outro lado da chamada. Meu relacionamento com Agustin tinha melhorado muito naqueles últimos meses, já que era extremamente comum ele vir em casa para ver seu filho. O começo foi bem desconfortável, mas com o tempo aprendemos a nos comunicar melhor e, nesse momento, podia até mesmo o considerar como um amigo. Um amigo bem mais velho que por acaso me deu um irmão, mas mesmo assim um amigo. — Tenho que ir, mas logo mais eu tô aí!

Mike, Keith and the... 2Onde histórias criam vida. Descubra agora