Keith and The Coffee Shop

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Desde que Mike chegara no café durante aquela tarde, praticamente não havíamos parado de conversar um com o outro, parando apenas quando algum cliente aparecia, mas nenhum se demorava tanto, com ele me fazendo rir sempre que eles saíam pela porta, fazendo seu teatro exagerado sobre como os cliente atrapalhavam nossas conversas calorosas e bem mais interessantes, exagerando em cada aspecto que ele conseguia. Era absurdamente fofo e engraçadinho.

Para ser sincero, sentia falta de vê-lo tanto por ali para me fazer companhia, mas sabia que Mike estava evitando seu pai a todo custo e se recusava a aparecer por lá enquanto Maurice estivesse por lá, o que era de certa forma compreensível para mim, mas também um pouco dolorido. O mais velho quase sempre me perguntava sobre seu filho, querendo ou não botando um peso em mim que eu não esperava ter, como algum tipo de mensageiro quase secreto, o que ainda era levemente estranho para mim, pois não sabia exatamente se ele havia aceitado nosso namoro afinal. No fundo, queria poder ajudar Mike com essa situação assim como ele havia me ajudado com a minha situação com meu pai, só não sabia exatamente como, ainda mais que não queria irritá-lo com aquilo.

— Então tu só apareceu porque tu sabia que teu pai não ia tá aqui... Entendi então, eu estar aqui não é o suficiente pra tu vir me visitar... — falei dramatizando enquanto colocava chantilly na sua xícara, vendo ele sorrir e negar com a cabeça.

— Você tá dramático demais ultimamente, olha isso, você tá literalmente pior que eu Keith.

— Eu nunca vo tá pior do que tu Myers, vamos ser bem sinceros aqui. — sua boca se abriu, formando um "O" quase perfeito, me fazendo quebrar na gargalhada. — Aqui amor, teu café.

— A esse ponto deve ter veneno nesse troço...

— Para com isso! — falei rindo mais ainda de sua provocação. — Teu namorado trabalhou muito duro pra fazer o cafezinho perfeito pra ti vai, por favor aprecia ele bem. Foi feito com amor. — sorri para ele, que mantinha um biquinho no seu rosto, fingindo ainda estar emburrado, mas mesmo assim levando a xícara até sua boca, deixando um leve bigodinho de chantilly sobre seus lábios.

Sem me segurar, me inclinei sobre o balcão e depositei um selinho rápido na sua boca, um pouco por querer limpar seus lábios, e um pouco pois estava me segurando desde mais cedo para o beijar. Assim, que me afastei um pouco para continuar observando sua expressão um tanto chocada, ele soltou um riso baixinho, me fazendo questionar com o olhar do que ele ria, então ele deixou a xícara sob o balcão e segurou meu queixo com os dedos, me aproximando mais dele.

— Tá sujinho aqui ó.

Mas assim que estávamos tão próximos um do outro que eu podia sentir sua respiração nos meus lábios, os dois escutaram o sininho da porta tocar, fazendo com que nós dois nos olhássemos completamente assustados, nos afastando imediatamente e me fazendo limpar rapidamente minha boca com as costas da mão. Era difícil fingir naturalidade quando sabíamos que podíamos ter sido pegos, e não que aquilo fosse um problema mais, mas ficar se beijando enquanto eu estava no meu turno era bem perigoso, mesmo eu tendo insistido no contrário alguns segundos antes. Me virei para o cliente que entrara com um sorriso no rosto mas ainda sentindo minhas bochechas queimando.

— Keith! — ouvi a voz familiar com o sotaque inconfundível. Sharon estava parada em frente ao caixa, um sorriso dominava seu rosto. Notei de canto de olho Mike alternar seu olhar entre eu e ela algumas vezes, confuso com a interação. — Não sabia que você trabalhava em um lugar como esse! Nossa que divertido, agora você parece ainda mais cult.

— Sharon, oi. — sorri desajeitado, não sabendo nem como reagir àquela situação, nervoso demais ainda com o pensamento de que ela quase havia pegado eu e Mike nos beijando. — É, eu trabalho aqui de meio período e tals... Que legal te ver. — ri sem jeito.

Mike, Keith and the... 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora