Mike, Keith and the... 2

Keith and The Hickey

❤

Tirei o headset da cabeça, estranhando por estar ouvindo mais de uma voz ecoar no andar de baixo da casa. Havia combinado com Mike de ele passar a noite na minha casa, mas não havia recebido notificação de nenhuma mensagem sua, mas por via das dúvidas, decidi checar meu celular. Celular este que não ligou quando eu apertei os botões, me fazendo suspirar alto, percebendo meu erro. Saí do meu jogo rapidamente e conectei o telefone na tomada, logo abrindo a porta de meu quarto. Agora podia ouvir a voz de Mike e meu pai com clareza na cozinha, que ficava logo ao lado do pé da escada. Me sentei no degrau mais de cima, ouvindo que a conversa dos dois parecia animada.

— Mas esse meu filho nem pra ficar te esperando viu... E ainda fica lá em cima martelando as teclas daquele computador, nem sei como ainda não rachou a mesa ao meio. — meu pai disse fazendo com que Mike gargalhasse alto.

— Pois é, o senhor não tem ideia das tantas vezes que eu já não pedi pra ele ser mais delicado com o teclado...

— Ai não me chama de senhor não, assim parece que eu tenho mais de sessenta anos sendo que eu não tenho nem quarenta... Me chama de Sean.

— Tá bom, Sean. — conseguia imaginar o rosto levemente sem jeito de Mike, o que me dava mais vontade ainda de descer para finalmente o cumprimentar, mas também queria ouvir o que os dois tinham a dizer.

— Aliás, não gosto de me meter na vida do Keith, mas ele não me conta muito, então, como tá o namoro de vocês?

— Ah tá ótimo. Seu filho é incrível e eu não podia pedir por um namorado melhor. Ele foi muito bem criado, você deve ter muito orgulho de quem ele se tornou. — suspirei baixinho. Sabia que meu pai andava se culpando mais ainda por não ter estado comigo por parte da minha adolescência e não sabia se estava tudo bem para Mike tocar no assunto, mas também sabia que ele era um adulto e poderia lidar com isso sozinho.

— Sabe, ele já deve ter falado contigo sobre como eu meio que desapareci da vida dele por um tempo, e eu realmente não posso me perdoar por isso agora, mas eu fico feliz que no tempo que eu não tava aqui ele encontrou pessoas como tu e a Donna pra fazer companhia pra ele. Ele se importa muito com vocês, mesmo que ele seja meio relutante em falar sobre os sentimentos dele... Então, muito obrigado por ficar ao lado dele Mike. Eu posso te chamar de Mike, né? Nunca perguntei, só saí te chamando assim.

— Pode sim, Sean. — notei que a voz de Mike se aproximava da escada, e em poucos segundos lá estava ele na porta da cozinha. Demorou alguns segundos para que ele me visse. — Aí que tá o meu desertor! — ele falou alto, mas logo subiu os degraus rapidamente até mim. — Tá tudo bem amor?

Foi só quando Mike perguntou que notei que meu olhar estava vidrado. Passei as mãos nos meus olhos sem dizer nada e o abracei fortemente, logo pegando sua mochila de suas costas e a levando para dentro do quarto, com Mike logo atrás de mim. Ele beijou minha bochecha, vendo que eu ainda preferia me manter em silêncio, apenas sussurrando no meu ouvido que estava sentindo minha falta, me fazendo suspirar com um sorriso no rosto. Eu também estava sentindo sua falta e não podia estar mais feliz de tê-lo ali comigo naquele momento.

— Seu pai queria decidir a janta, a gente tava te esperando lá embaixo. — ele disse me envolvendo em um abraço, seu rosto relaxando em um sorriso tranquilo.

— A gente já desce. Aliás, me desculpa por ter te feito esperar, meu celular acabou a bateria e eu nem notei...

— Eu imaginei que fosse isso, então nem esquenta.

Depois de ficarmos um tempinho no meu quarto, com Mike me paparicando e eu paparicado ele, nós decidimos descer para decidir com meu pai o que comer no jantar. No final os dois queriam sair para comer em algum lugar, mas acabei convencendo os dois que eu havia feito coisas demais naquele dia e sair para comer só aumentaria mais ainda meu cansaço, o que acabou por estabelecer a decisão de pedirmos pizza. Não era nada criativo, também não era nem a primeira nem a última vez que pediríamos pizza em casa, mas todos gostavam e ninguém protestou. Agradeci aos dois por não me fazer sair de casa, ainda mais com o vento gelado que soprava na rua. Gostaria de aproveitar o quentinho dentro da casa com as duas pessoas que eu mais gostava no mundo, e dividir uma pizza era a melhor maneira de fazer isso.