Mike and The Cake

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Levei meu olhar para o forno com uma expressão um pouco preocupada. O leve cheiro de queimado me indicava que eu deveria tirar a massa que tinha colocado lá, mas na receita já falava que era ao menos trinta minutos no fogo, apenas haviam se passado vinte. Mesmo assim, visando não queimar minha casa inteira por conta de uma receita, resolvi abrir a porta do forno e pegar com cuidado a forma de bolo que eu havia feito, posicionando ela em cima do balcão da cozinha enquanto observava sua parte de cima. Ainda não estava completamente queimado, apenas algumas partes mais escuras, o que me deixou com um alívio imenso.

Me sentei no balcão e a observei um pouco. Parecia ter formado uma casquinha que eu gostava de comer, a cor do chocolate parecia apetitosa, mas o que me convencia que aquele bolo tinha ficado bom era o cheiro... O cheiro que invadia meu nariz e levava minha mente até um passado um pouco distante em que eu chegava da escola, a barriga roncando, os pés do pequenininho Mike doendo por conta do treino do futebol, e aí... Esse mesmo bolo em cima da bancada, colorindo a casa inteira com seu cheiro distinto. Era uma lembrança tão amorosa, esperava poder carregá-la comigo para sempre.

Era o terceiro ou quarto prato de confeitaria que eu tentava fazer naquela semana, entre aqueles dias que eu não tinha muito para fazer além de apenas encarar o teto ou cochilar de tarde. Era o terceiro ou quarto prato que eu olhava e minha boca instantaneamente salivava, e eu não sabia dizer se eu estava sendo extremamente egocêntrico ou se talvez eu tivesse achado algo que eu era bom naturalmente. De qualquer forma, esperava que fosse a segunda opção.

Enquanto esperava o bolo dar uma esfriada, caminhei diretamente para o quarto de Finn. Gostava de aproveitar quando ele não estava ali em casa para poder arrumar um pouco as coisas dele, deixar tudo em ordem para que não fosse difícil para minha mãe, Maisie ou Agustin de acharem suas coisas. Era uma das pequenas formas de eu cuidar dele mesmo que ele não estivesse lá.

Arrumei suas toalhinhas uma por uma no balcão, limpei a estação de trocar fraldas, ajeitei os cobertores de seu berço, arrumei a posição da poltrona que minha mãe gostava de ter no canto do quarto e até mesmo dei uma varrida no chão, não queria que poeira atrapalhasse a vida do meu irmãozinho. Depois disso, tirei os equipamentos de limpeza de lá e fui para a sala, me sentei no sofá e esqueci um pouco do bolo para ver se ele esfriava mais rápido. Mandei algumas mensagens para Diana que falava ansiosamente sobre um jogo próximo, em que os líderes de torcida fariam uma coreografia completamente nova. Me comprometi a ir, mas me arrependi um pouco depois.

Antes que pudesse checar o bolo, escutei a porta da sala abrindo. Abaixei o celular e ergui a cabeça apenas para ver Maisie entrando, algumas sacolas em mãos e uma expressão um pouco cansada, mas contente diria eu. Me apressei para levantar e ajudar ela a carregar as sacolas, coisa que ela agradeceu antes de proferir qualquer outra palavra a mim. Caminhamos juntos até a cozinha onde deixamos as sacolas juntos, fazendo com que Maisie finalmente respirasse profundamente, massageando as dobras de seus dedos para poder aliviar a dor.

— Nossa... Valeu. — Sua voz ainda estava um pouco misturada com o seu cansaço, seus olhos pairando o nada quase. — Eu nunca mais vou ir fazer compras sozinha, puta que pariu. Um cara ficou perguntando milhares de vezes se eu não queria levar o molho caseiro dele, quase que eu abri a lata e joguei na cabeça dele.

— Jesus. — Eu ri baixo, me apoiando na bancada enquanto a olhava. — Mas você trouxe o molho dele?

— ...Talvez. — Ela me olhou com uma face um pouco culpada, fazendo com que eu soltasse um riso alto. — Mas não foi pela insistência, depois eu provei e até que era bom mesmo, hm. Se a mãe perguntar eu achei esse molho aqui e peguei por livre e espontânea vontade.

Mike, Keith and the... 2Where stories live. Discover now