Mike, Keith and the... 2

Mike and The Starlight

Eu pedalava lentamente contra o concreto da rua, observando o céu azul com um humor até que feliz, mesmo que a função dada a mim naquele dia me irritasse um pouco. Maisie havia me dito no começo da tarde que precisava de um documento que havia deixado na cafeteria no dia anterior, quando fora visitar nosso pai nas idas que ela continuou fazendo para lá. Aparentemente eram documentos que provaram que ela fazia parte do time de ski em que treinava, e que ela não poderia pegar por conta própria por causa de alguns treinos que tinha que fazer naquela manhã. Então, com o dia livre e planejando ver Keith naquele mesmo dia, resolvi aceitar aquela missão de ir... Ver meu pai.

Nos meus fones ecoava Don't Take It Personally do The Academic, ditando como eu pedalava, seguindo o ritmo da música que ficava alternando entre um agitado leve e um calmo inspirador. Sentia a brisa em meus cabelos, respirando profundamente para que todo meu esforço não acabasse me deixando sem ar. Era extremamente gostoso estar naquele momento, sentindo o sol quente em meu corpo e vendo o azul do lago lentamente se movendo, as ondas batendo contra as praias rochosas do centro de Duluth. Era bonito demais.

Eu tinha uma mochila com poucas coisas nas costas, apenas para guardar os documentos, mas que também segurava meu copo de água e a caixa dos meus fones sem fio. Tinha escolhido uma roupa mais leve para sair de casa por conta do calor, estando com uma camisa simples de um rosa claro, um shorts bege, sapatos brancos e um boné também branco, que naquele momento fazia milagres em proteger o meu cabelo contra aquela luz forte do sol.

Tentava me distrair com o clima, com os carros passando e a atenção que eu tinha de ter para poder continuar andando com a bicicleta, mas meu coração acelerava tremendamente apenas de lembrar que logo teria que encarar meu pai nos olhos. Ainda pensava muito sobre ele, sobre tudo que acontecera entre nós, mas meu cérebro simplesmente não conseguia se decidir sobre o que achava dele, então eu tentava afugentar aqueles pensamentos que não me fariam bem de qualquer forma.

Esperava ter que demorar mais, rodando por algumas ruas até mesmo desconhecidas de Duluth para aproveitar o clima, mas eventualmente acabei chegando na frente da cafeteria. Suspirei profundamente, aproximando minha bicicleta de um poste aleatório, puxando o ar profundamente e, só então, entrando no estabelecimento. O funcionário que estava no caixa naquele momento apenas me olhou quando ouviu o sino da porta se mexer, ajeitando sua postura imediatamente e colocando um sorriso em seu rosto.

— Boa tarde! O que eu posso fazer por ti? — Seu sorriso parecia um pouco nervoso, fazendo com que eu me perguntasse se ele era novo naquilo ou algo do tipo. Era natural querer contratar pessoas novas, ainda mais que eu imaginava que Keith e alguns outros não ficariam ali por muito mais tempo, tendo de ir para a faculdade.

— Pode chamar Maurice para mim por favor? Diz que o Mike tá aqui. — Falei com uma voz um pouco desinteressada, vendo ele me olhar mais atentamente, provavelmente com algumas perguntas em mente. No fim das contas, ele apenas concordou com a cabeça e se virou, entrando na parte dos fundos da loja.

Olhei em volta mais uma vez, lembrando-me do tempo em que trabalhei ali. Curto período de muita dor de cabeça, mas que pelo menos não me fez enjoar completamente de um café quentinho e do clima aconchegante ali. Me sentei na primeira mesa que havia logo ao lado da porta, apoiando meu cotovelo em cima dela e minha cabeça em cima de minha mão, pegando meu celular e passando a olhar algumas redes sociais enquanto esperava o bonito aparecer. Não demorou muito tempo para que isso acontecesse, apesar de ficar ali esperando por alguns minutos, fazendo eu me perguntar o motivo dele estar demorando tanto.

Depois de um tempo ouvi o barulho da porta abrindo, tirando minha atenção completamente do celular para poder o olhar. Ele tinha um olhar um pouco aflito, especialmente depois de me ver ali, mas mantinha um sorriso em seu rosto que eu não sabia dizer se era genuíno ou se era por nervosismo. Me levantei rapidamente, guardando o celular no bolso, vendo ele se aproximar de mim. Maurice estava um pouco diferente no geral, seus cabelos castanhos estavam levemente maiores, junto com uma barba por fazer em seu rosto. Ele parecia cansado, devia ser uma época de muita clientela no café.