38: pássaro de gaiola

19 11 36
                                    

Procuro minha liberdade como um pássaro que luta pra fugir da gaiola

Procuro minha independência com muitos medos cravados em minha superfi
Procuro tantas coisas que nunca acho nada

Observo de longe o que acontece de pior na cela,
Olho pela janela e vejo que é mais um dia de mesmices,
O vento que sopra é de outros lugares,
Ele é livre, solto
E eu sou uma pedra que nunca sai do lugar,
Eles dizem que é fácil pegar uma mala e ir embora,
Mas eles não entendem às correntes que me prendem,
Que me sangram,
Eles dizem que é fácil deixar tudo,
Mas eles não vêem,
Eles não sentem,
Eles pensam de um modo que não sou eu,
EU,
Não querido, eu não hábito seus hábitos,
Eu não sou sua pele de verdades mentiras
Eu não sou sua realidade,
Eles não vêem,
Não, quando a janela do meu quarto zomba de mim,
Não, quando
Os pássaros lá fora cantam minha vergonha,
Não, quando
ás árvores dançam sobre meus gritos silenciosos,
O céu azul me chama para correr, mas correr não posso,
Não posso,
Não posso!
Eles não deixam,
Nas mãos e nos braços,
Às brasas me queimam,
Eu observo o desastre de longe da minha cela,
Eles estão rindo do outro lado da janela, me impedindo de voar,
Algo dentro de mim é tão selvagem,
Algo em mim deseja um final feliz,
Esse algo que luta pra sair dessa gaiola,
Algo em mim que não quer viver assim já se partiu,
Eu ainda observo da janela,
Lutando com às algemas nos meus pulsos,
Tentando alcançar a liberdade e voar pra longe,
Tentando,
Ainda lutando
Sempre lutando
Morrendo há cada passo do tempo,
Voe,
Eles dizem,
Mas um pássaro sem asas não pode voar,
Não quando ele sempre foi preso.




Entre Marés Where stories live. Discover now