69 : Anomalia obscura

13 6 21
                                    

                                   ♥︎

"Acho que uma família deveria ser assim...
Eu seguro suas mãos quando tudo desmoronar "

                                  ♥︎

Tenho medo da mão que desce em meu rosto
Do grito que me espanta
Da sensação de estar em perigo
Tenho medo das mãos em meu pescoço
Me sufocando e rindo
Me queimando por dentro como o próprio inferno
Da violência gratuita em meu corpo por uma raiva descontrolada
Da saliva jorrando em minha fase
Do meu sangue servendo pra sair correndo
Tenho medo de expressar minha opinião
E tenho medo se finalmente abrir meus olhos e perceber que também sou uma vítima

Enquanto escrevia meus versos em poesias
Minha mente vagava nas lembranças mais desagradáveis de medo
Sempre tentei ser forte e agir naturalmente e demonstrar que minha dignidade era inabalável
Mas por dentro eu era uma mentirosa nata, pois os cacos quebrados se espalhavam muito rápido
Me fazendo gritar e chorar com toda essa decepção

Eu via em convívio a normalidade de agressão que vivia por reclamar de coisas simples
Eu via a rapidez de uma ameaça lançada como brasas em minha direção
E eu via como algo assim podia mexer com minha mente que agora estava quebrada e frágil por dentro
tanto tempo conviver em fragmentos de mim mesma me deixaram em abstinência
Eu não podia ser livre tão perfeitamente
Pois eles ainda eram
Do meu sangue
Um sangue que me queimava na fogueira todos os dia
Era assim que eu vivia
É assim que eu me sentia
Vivendo em uma anomalia obscura.

Entre Marés Where stories live. Discover now