Poesia de número 43

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A notícia um dia irá surgir da boca de muitos
Sobre a garota que pulou da torre
Sobre a garota que só era vista de longe
Os céus lhe cantavam sobre as asas negras da morte
Era outono e ela ainda sonhava alto em seu jardim de lágrimas
No domingo pintava rosas tão vermelhas quanto seus lábios molhados de sangue
Na segunda caia de cansaço da vida
Penteava seus longos cabelos sobre a janela da torre e cantava junto com o vento de verão
No inverno ela se escondia e só sorria quando percebia que ele tinha ido embora
Um dia às pessoas iriam ouvir sobre essa pobre alma que se escondia da vida
Sobre a garota que um dia pulou da torre
Ela pouco tinha
Ela pouca sentia
Ela ouvia sobre os outros
Mas nunca sobre você
Ela era a garota da torre esquecida
A garota que um dia pulou pra vida
Que nunca mais voltou pra lá
Que um dia ousou existir por meio da morte
Uma pobre alma que na primavera bebeu do azul anil
Na hora de abraçar a morte com medo da vida se foi pulando da torre
Eles um dia iriam ouvir sobre a garota que no mês de dezembro pulou nos braços da morte
Que ousou existir por meio dela
Que hoje não existe mais
Eternizada ainda na torre
Eles ainda falam sobre ela
Sobre a esquecida da torre
Sobre aquela que se balhou do desespero
Daquela pobre alma que não existe mais.

Entre Marés Where stories live. Discover now