[18] Begonias

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Vai uma jantinha aí, meus mel?

🚨ATENÇÃO: Esse capítulo contém conteúdo sensível

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#APorraDoFioVermelho

🛹

— S-Seokjin?

Jimin acorda duas horas depois que Seokjin saiu. Estou na pequena salinha separada do quarto dele, assistindo a um episódio de Gravity Falls sobre um sereio em uma piscina enquanto como amendoim japonês, mas o escuto mesmo assim. Sua voz sai podre, meio grossa, trêmula e arranhada.

— Ele precisou sair — respondo naturalmente, limpando minhas mãos de amendoim e pausando o seriado, antes de me levantar. — Por enquanto somos só nós dois.

Ao passo em que desço os dois curtos degraus que fazem a divisão do lugar, percebo como o olhar dele passa de confuso para completo terror conforme eu me aproximo dele. Seu corpo está atravessado horizontalmente na cama, me olhando apenas com a cabeça levantada e os olhos arregalados.

— Jung... kook...?

— Que bom que ainda lembra meu nome. — Eu paro a poucos passos dele.

— O que você está fazendo aqui?

Suspiro, olhando em volta com a mão na cintura enquanto penso sobre sua pergunta. Eu também não sei ao certo. Eu vim com o objetivo claro de arranjar uma briga, mas a situação virou completamente de cabeça pra baixo.

— Você sumiu... — É a minha resposta.

Ele não diz nada e o silêncio nos engole de forma sufocante, como se os ponteiros do relógio simplesmente se tornassem dolorosamente lentos demais. Eu não recuo, no entanto, porque minha angústia em não entendê-lo e vê-lo dessa forma é muito maior. Seu olhar parece ser um reflexo de sua mente: caos. Um caos incompressível, frio e distante.

— Você precisa ir embora — diz por fim, desviando o olhar.

— Você precisa de um banho. — Ignoro sua fala. — Fazer a barba também...

— Vá embora...

— ... comer alguma coisa quente e beber água.

— Eu disse para ir embora! — Jimin de repente grita, seus olhos vermelhos e irritados me olham com raiva.

Não, raiva não. É dor.

— Eu disse para Seokjin que cuidaria de você na ausência dele. E eu meio que tô te devendo isso, daquela vez que eu dei trabalho, então...

— Eu não preciso que ninguém cuide de mim. Muito menos você! Vai embora!

Jimin continua esbravejando sem parar, embora minha mente esteja longe. É como há 9 anos. Minha mãe costumava gritar assim também e eu me lembro bem da sensação de terror tomando conta de mim. Quando sentimos medo, corremos para nossas mães, mas eu não tinha para onde correr. Nunca tive. Desvio meu olhar para minhas mãos e elas tremem como o meu eu de 15 anos de idade. Fecho os olhos e respiro fundo, meus olhos ardem.

Mil Tsurus • JJK + PJMOnde as histórias ganham vida. Descobre agora