𝙇𝙖𝙘̧𝙤𝙨 ✝ {𝑶𝒃𝒊𝒅𝒆𝒊}

#17

Mesmo Deidara estava confuso com seus próprios sentimentos, uma bagunça que deixava até o Uchiha perplexo. A ligação marcada entre eles permitia a Obito sentir cada emoção negativa, e ele ansiava por aliviar o fardo de Deidara, queria vê-lo mais leve, mais feliz, desejava resgatar o ômega que costumava desafiá-lo, até mesmo criticando sua respiração. No entanto, agora enfrentava uma pessoa completamente diferente, alguém sensível e fragilizado.

Antes, Obito gostava de ter Deidara dependendo dele, mas aquele não era mais o Deidara que ele conhecia; era uma versão mais insegura, retraída, triste e sombria. Obito encarava a expressão cansada de Deidara, buscando sinais de felicidade em vão, não encontrava nenhum traço.

Com Deidara já com um mês e meio de gestação, a barriga começava a aparecer, e Obito temia que ele se perdesse ainda mais em sua identidade à medida que a gravidez avançasse. No entanto, ele tentava não se preocupar naquele momento. O alfa cuidava de todos os preparativos para o bebê, incluindo a criação de um quarto ao lado do deles, que antes era um quarto de hóspedes nunca utilizado, tornando-o um espaço perfeito. Obito tentava animar o esposo mostrando ilustrações do projeto, mas Deidara não demonstrava interesse. Passava o tempo pintando quadros, ouvindo música clássica, e apesar de se cuidar mais, ainda enfrentava dificuldades. Ele dava passos pequenos em direção à recuperação, mas eram passos significativos.

Desde que voltaram da casa dos pais de Deidara, ele mal falava, limitando-se ao essencial. Já se passavam alguns dias desde o surto que ele teve, e eles não tinham tempo para discuti-lo, pois Obito estava ocupado com a coroação para tomar posse do trono, mal conseguindo chegar em casa antes de Deidara dormir.

Ao chegar em casa, mal pôs os pés dentro de casa e já estava perguntando às empregadas pelo Ômega. A surpresa atingiu-o em cheio ao ouvir que ele estava no quarto do bebê. Sem hesitar, dirigiu-se ao quarto deles, o do bebê ao lado, e, ao espreitar pela fresta da porta, um sorriso brotou em seu rosto.

Deidara delicadamente mexia nos adereços do berço, envolto em tons amarelos, pegando com cuidado a manta branca, levando-a até o nariz para sentir seu suave perfume, típico de bebê. Observando-o dobrar a manta com meticulosidade, colocando de volta no lugar original, para parecer que ninguém tivesse tocado.

Sentando-se na poltrona bege de frente para a janela, Deidara hesitou antes de tocar sua própria barriga, os dedos tocando o volume que crescia. Sua respiração ficou irregular, lágrimas inundaram seus olhos ao tocar a realidade, sufocando o choro com os lábios pressionados. Decidindo intervir, Obito adentrou o quarto com cautela, empurrando a porta suavemente antes de se aproximar de Deidara e ajoelhar-se diante dele. Seus olhos marejados encontraram os olhos compassivos de Obito.

— Vai ficar tudo bem. - Obito apoiou as mãos nos joelhos de Deidara, inclinando o queixo em uma das coxas do Ômega, sem se importar em estar no chão.

— E se eu não conseguir amá-lo, Obito? Que tipo de pai não ama o próprio bebê? - Deidara murmurou, a voz carregada de angústia.

— É só uma fase, sei que vai amá-lo; também sei que você estará lá para apoiá-lo em qualquer situação. Sei que não desejava que as coisas fossem assim, também sei que errei muito com você, te obrigando, lhe coagindo para agir conforme eu queria, e eu me arrependo todos os dias. - Obito suspirou, segurando a mão de Deidara, um toque firme que foi retribuído. — Fui alguém horrível para você, mas me arrependo de ter destruído você aos poucos. Sei que essa culpa que você sente deveria ser um fardo meu. - Levou a mão do Ômega até os lábios, deixando um beijo nas costas. — Sei que vai ser um ótimo pai.

— Você se refere ao bebê como "ele". Como pode ter tanta certeza? - Os olhos do Ômega desviaram-se para Obito.

— Não tenho, mas sinto. Deve ser uma conexão instintiva, mas simplesmente sei. - Os toques do alfa eram delicados, e ele sentia-se radiante por Deidara finalmente abordar o assunto do filho deles, demonstrando interesse. Era evidente uma mudança. — E você, como se sente? Acha que é menino ou menina? - Deidara parou para refletir.