Capítulo 2

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Semanas se passaram desde o dia do jogo, confesso que eu nem lembrava mais de ti. Apenas continuei vivendo em minha comum rotina: Faculdade, casa, netflix, e só. Vez ou outra minhas colegas me chamavam para ir ao shopping, mas enquanto elas só sabiam admirar os garotos que passavam, eu admirava a praça de alimentação.

Era muito mais divertido passear com Aber. Ele era como minha versão masculina, eu me via nele.

Eu sempre fui diferente, e você notou isso em mim.

Eu não sei como, e nem porque, mas você me escolheu.

Mais um dia comum havia chegado. Na verdade, aquele dia estava longe de ser comum, mas naquele momento, eu não sabia disso.

Fui andando para a faculdade, que não era muito longe de onde eu morava. Fui morar sozinha aos 18 anos, por conta das brigas constantes com meus pais por conta da profissão que eu havia escolhido: Professora. Eles falavam que ensinar era perda de tempo, e que os jovens não querem aprender. Coisa que eu discordava completamente, enquanto houver uma pessoa disposta a ensinar, sempre haverá uma disposta a aprender.

O sonho de meus pais era que eu fizesse medicina, mas não é minha vontade, nunca foi. E talvez por isso eles me vêem como uma vergonha para a família.

Mas eu não ligo, sempre gostei de ficar sozinha, de ser sozinha.

Até que você entrou em minha vida.

Ao chegar no campus, Aber logo me recepcionou com um abraço apertado, interrompendo logo em seguida para me contar algo.

– A Pâmela nos convidou para a festa na casa do Bryce. — contou ele. — Vamos, por favorzinho?

Aber sabia que eu não gostava de festas, e pior ainda, na casa do Bryce.

Você bem sabe a índole dele, afinal, ele era seu amigo, não é?

— Aber... — Antes que eu pudesse acabar a fala, Aber me interrompeu.

— Eu sei que você quer dizer não, mas vamos, por favor. Estou tentando o máximo me socializar com um jogador do time, vai que eles me colocam lá. — confessou ele.

Eu não pude dizer não, e concordei ir.

Eu tentei me convencer de que eu estava indo pelo Aber, mas no fundo eu sabia que concordei ir por você.

Pois eu tinha conhecimento de que você estaria lá, e eu queria novamente sentir o cheiro de seu perfume, mesmo que de longe.

Eu odiei a forma como aquele cheiro impregnou em minha mente, como uma droga viciante, que fazia com que eu quisesse sentir a todo momento.

Você me viciou, Evan.

Mesmo antes de eu sequer sonhar em ter algo contigo.

— Te encontro hoje à noite, esteja pronta. — diz ele.

Concordei e logo fui para a aula, eu nunca lhe via pelos corredores da faculdade, muito menos em nenhuma sala de aula. A prova viva disso é que te vi pela primeira vez no campo de futebol.

Talvez você só estivesse no time, mas não estudasse aqui. De qualquer forma, eu tinha convicção de que você estaria na festa.

Assim que as aulas acabaram, fui correndo para casa, no intuito de me arrumar a ponto de ficar super bonita.

Eu não me considerava feia, longe disso. Mas eu considerava-me uma garota fisicamente comum, com traços comuns. Meus olhos não eram claros, e meu cabelo também não.

Mas você não achava isso, não é mesmo?

Horas vasculhando o guarda-roupa, e nada me agradava. Decidi ir com um vestido simples, cabelo solto. Do jeito que eu sempre me arrumo, não sei ser diferente disso, e nem sei se quero.

Aber logo estava em minha porta, e nós saímos em direção à casa de Bryce.

Não demorou muito para que chegássemos, o som alto dava para ser ouvido a quarteirões de distâncias, as mulheres com roupas indecentes caminhando na rua, também indo para festa.

Logo que entrei, senti o cheiro forte do álcool misturado ao cigarro, e a suor. Eles seguravam copos, algumas mulheres estavam quase despidas, com suas roupas íntimas a mostra.

Aquele lugar simplesmente não era para mim.

Em meio a tanta selvageria, procurei por você por toda a sala.

— Está à procura de alguém, Juliet? — perguntou Aber.

— Não, claro que não. — Neguei com todas as forças.

Óbvio que eu jamais admitiria que estava procurando por você.

Talvez por medo de admitir a outra pessoa o quanto você estava mexendo comigo.

Segui caminhando pela sala, e a cada quadrado haviam pessoas se beijando.

Eu vi de tudo, Evan, só não vi você.

Decidi sair daquela sala, no intuito de respirar um ar que não estivesse poluído. Deixei Aber conversando com alguns garotos do time, ele era bom em se inturmar, eu não.

Sentir o ar do lado de fora foi gratificante. Ao olhar para o lado, percebi que havia uma luz azul vindo do chão, pensei que talvez fosse uma piscina. Então caminhei na direção da mesma.

Ao chegar, vi a cena que tanto desejei ver a noite inteira.

Ou melhor, eu te vi.

Você estava sozinho na beira da piscina, que era iluminada por luzes azuis em seu redor. Tu seguravas uma bola de futebol, enquanto molhava os pés na água.

Fiquei observando, na esperança de que você não se virasse.

Mas você se virou, e me encarou.

Seu olhar estava sério, e na mesma hora me senti uma boba por ter olhado pra você.

Mas você sorriu.

Na primeira folha dessa carta, eu falei o primeiro motivo nós não temos dado certo.

Mas agora, eu vou dizer o primeiro motivo pelo qual eu te amei.

O seu sorriso.

Aquele havia sido seu primeiro sorriso direcionado a mim, mas encheu meu coração de forma com que nada, nem ninguém, havia feito.

Você foi especial desde o início, Evan. E apesar de tudo que aconteceu eu não posso negar isso. Sabe por quê?

Porque apesar de tudo, seu sorriso sempre permanecerá em minha memória, e ele sempre será, sem dúvidas, o melhor e mais apaixonante sorriso de todos.

Para sempre.

Juliet.

Para sempre, JulietWhere stories live. Discover now