Capítulo 14

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Nada poderia aliviar a dor que eu estava sentindo naquele momento. Todos tem um passado, Evan, e eu não ligo que você tenha tido outras antes de mim.

Mas ouvir sobre o ocorrido da forma que eu ouvi, é desumano.

No dia seguinte ao ocorrido, eu sequer fui para a faculdade, não seria capaz de olhar para o seu rosto.

Você estava lotando meu whatsapp com mensagens, e me ligando toda hora. Então eu decidi simplesmente desligar o celular.

Eu estava com raiva de você. Raiva pelo que me fez passar.

Tudo isso poderia ter sido evitado se tivesse dado meia volta e saído de lá assim que viu que Daphne estava sentada. Mas você não fez isso.

Você só pensou em sua carreira, no dinheiro, e não pensou na humilhação que eu fui obrigada a passar por sua causa.

E no momento, eu confesso que não pensei no outro lado da moeda. Sua mãe.

Você estava fazendo de tudo para poder dar condições melhores de vida para ela, e hoje em dia eu compreendo isso.

Mas na época, eu pensei apenas no sofrimento.

A única coisa que eu fui capaz de fazer, foi chorar. Nada nunca deu certo na minha vida, e não seria agora que ia dar certo.

Liguei o celular para ligar para Aber. Enquanto eu discava o número, você me ligou. E eu decidi atender.

— Juliet, ainda bem que você atendeu.

— O que você quer? Para de me ligar. — Minha voz estava rouca, e mal saia.

— Me desculpar. Pessoalmente, se possível.

— Não. Eu não quero papo com você, não mais. — respondi seca.

— Eu entendo sua decepção. Eu juro que entendo, mas eu queria que você entendesse também o meu lado, Juliet.

— Eu não posso, eu não consigo. Você nunca teve que conviver com a insegurança, eu lido com ela a minha vida toda, me deixa em paz, Evan. — Foi a última coisa que falei antes de desligar a ligação.

Liguei para Aber, mas ele não atendia. Provavelmente está em aula.

Então ali estava, eu e meus pensamentos torturantes. Lembrando-me das palavras de Daphne.

"Coitada."

Essa havia sido a segunda vez que me chamaram de coitada apenas por sua causa. E eu continuava a me perguntar se eu merecia isso.

Logo, eu percebi que havia alguém batendo na porta. E era você.

— Abre, por favor, deixa eu conversar com você.

— Vai embora. — gritei.

— Eu não vou sair daqui enquanto você não abrir.

— Que seja, fique aí. — respondi rapidamente.

— É isso que eu vou fazer. — você disse.

Fui para o meu quarto, e fiquei lá trancada por horas. Com a almofada nos ouvidos, para não ouvir você me chamar.

E eu passei tanto tempo lá, que nem percebi que havia anoitecido.

Fui até a porta, para ver se você ainda estava lá.

E você estava.

Tremendo de frio deitado encostado em minha porta.

Você permaneceu lá, Evan.

— Po-posso entrar a-gora? — você batia os dentes, tremendo.

— Deus, Evan, entra logo. — respondi.

Você se levantou, cruzando os braços para se aquecer.

— Você é louco. — afirmei.

— Eu sei. Por favor, me ouça. — pediu

— Já que você já está aqui, diga.

— Eu tive uma briga feia com o Bryce depois que você saiu. Não cheguei a bater nele dessa vez, mas ele afirmou que fez isso apenas para me sacanear, ele afirmou que pensou que talvez você não fosse se estressar. E eu sei que nada justifica tal atitude vinda dele, mas você tem que entender que eu não tinha opção. Eu preciso jogar no time, ou arranjar qualquer outro emprego. Se você quiser que eu saia do time de vez, eu saio, Juliet. Apenas me diga se é a sua vontade. — você pegou na minha mão, e olhou fixamente em meus olhos.

Droga, Evan. Eu nunca quis te prejudicar, mas o nosso relacionamento não prejudicava só a mim, a você também.

Nós éramos destrutivos um para o outro.

— Não quero isso de você, eu jamais lhe pediria algo que fosse prejudicar você ou sua mãe.

— E eu jamais prejudicaria nosso relacionamento para ser jogador de futebol.

Jamais é uma palavra muito forte. Espero que você saiba disso.

— Então, como ficamos, Evan? — perguntei. — Eu estou ferrada emocionalmente, e nada pode consertar.

— Não acho que seja muito, mas eu comprei um anel de compromisso. — você contou. — E eu sei que isso não vai consertar o que houve.

— Ainda temos um compromisso? — perguntei.

— Juliet, não diz isso, por favor. — Seus olhos estavam começando a marejar.

— Calma, eu não disse nada. Apenas achei que…

Você interrompeu.

— Não, Juliet. Todos podem ficar contra, mas eu não largo você.

— Não estou certa disso.

— Eu estou. — você disse enquanto colocava as mãos no bolso, e me apresentou uma caixinha de camurça preta. — Não é muito, mas foi de coração.

Eu peguei a caixinha, e abri. Eram dois anéis de cor dourada com o número três gravado em forma de pedrinhas brilhantes.

— Nenhum bem material é capaz de compensar o mal que eu causei a sua vida, mas eu achei que ia amenizar.

— Eu te amo. — afirmei.

— Eu também te… — Você estava começando a chorar. — Amo.

Nos abraçamos.

— Eu prometo que vou compensar tudo que causei a você. E Bryce prometeu que não ia mais fazer essas coisas. Eu preciso de um lugar no time, Juliet, mas preciso de você também.

A promessa dele não é grande coisa.

E nós sabíamos disso.

Mas naquele momento, eu decidi deixar a dor para trás.

— Eu preciso de você também, Evan.

Eu não gostava de admitir, mas eu realmente precisava de ti.

E como poderia, uma pessoa que entrou na minha vida fazia apenas meses, virar tudo de cabeça para baixo, e me transformar em uma pessoa irracional.

Cega por amor.

Mas valeu a pena.

Evan, eis aqui o sétimo motivo pelo qual eu te amei.

Você fez de tudo para ter meu perdão.

Você passou frio, ficou no relento, tudo para ver um sorriso meu.

E nenhuma outra pessoa faria o mesmo.

Pois nenhuma outra pessoa é você.

Você, é apenas você. E mais ninguém.

E eu sentirei falta de você.

Para sempre.

Juliet.

Para sempre, JulietWhere stories live. Discover now