Capítulo 5

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As coisas começaram a falhar em nossa relação após esse dia.

O dia em que saímos juntos.

Nem bem havíamos começado, mas os sinais de que eu deveria pular fora estavam começando a aparecer.

Eu escolhi ignorar.

Você pediu para que eu te esperasse em frente a minha casa, as dezoito horas da noite. Eu o fiz, passei a manhã e a tarde toda daquele dia pensando no que vestir.

E não é como se eu pudesse pedir dicas as outras garotas, todas são extremamente falsas uma com as outras, incluindo comigo. Pâmela teve aquela reação ao saber que você estava supostamente interessado em mim, imagine se as outras soubessem? Não… Eu prefiro guardar para mim.

Isso fez com que minha única opção viável fosse Aber. Ele não entendia nada de moda, mas por ser homem, saberia como um homem gostaria de me ver vestida.

E eu sei o que você está pensando. E não, Aber nunca tentou ter nada comigo. Fomos praticamente irmãos a vida toda.

Chamei-o, faltando apenas algumas horas para o encontro. Deixei ele analisar meu guarda-roupa com cuidado, para ver qual peça se encaixava perfeitamente em mim.

Ele puxou do cabide um vestido preto com bolinhas brancas.

Decidi vestí-lo.

A imagem que vi me agradou. O vestido acentuou minhas curvas, e combinou perfeitamente com meu cabelo castanho ondulado.

Eu me senti bonita.

— Diz aí, quem é o seu Romeu? — perguntou Aber.

— Ah… Então… — gaguejei. — É o Evan Cooper.

— O camisa 03? Não acredito! — Aber ficou surpreendido, e seu olhar não negou isso.

— Sim, ele. — afirmei. — Depois daquele dia, ele procurou saber com a Pâmela quem eu era. E bom, acabou rolando. — contei.

— Ju! Isso é maravilhoso. — Aber ficou entusiasmado. — Ele tem bom gosto, pois não poderia ter escolhido melhor companhia.

Aber sempre levantava minha auto estima, ele sempre acreditou em mim, e esteve do meu lado em todos os momentos.

— Estou feliz também. — contei. — Eu só não queria admitir isso para mim mesma. Sinto medo de me permitir sentir a felicidade, e depois ela ser arrancada de mim.

Essa era a mais pura verdade.

Nem sempre podemos nos permitir sentir, pois depois a queda é bem maior. Eu sempre preferi manter os pés no chão, e não voar alto.

Mas Evan, naquele momento eu já estava tocando a lua, de tão alto que eu estava voando.

— Viva como se não houvesse amanhã. — disse ele. — Apenas viva, Ju. — ele se aproximou, e me abraçou. — Você é incrível, e merece se permitir ser feliz pelo menos hoje. Não deixe que sua insegurança te abale, e nem estrague seu encontro.

— Você é convincente. — afirmei. — Tudo bem…

— Vou ter que ir pra casa agora, mas quando você chegar do encontro quero que me ligue e me conte tudo, ok? — pediu ele.

— Ok. — afirmei.

Faltavam apenas horas para o encontro, mas eu estava extremamente ansiosa. Eu tinha até pintado as unhas, mas de tanto estresse acabei roendo-as, e acabando com toda a beleza.

Eu estava com medo de fazer algo errado. E me surpreendia um garoto conseguir me deixar dessa forma. Logo eu, que jamais havia me importado tanto com ninguém.

Digo, eu estava parecendo uma garotinha do ensino médio indo dar o primeiro beijo.

Andando em círculos, olhando toda hora para o relógio. E a hora enfim havia chegado.

Dezoito horas.

Não demorou mais que cinco minutos para que você batesse em minha porta, eu ajeitei o cabelo rapidamente, e fui até a porta.

E lá estava você, Evan. Usando uma blusa básica preta, e uma calça jeans em tom preto, e um tênis cinza.

— Você está linda. — Você me ofereceu sua mão.

— Obrigado. — Peguei na sua mão, e você me guiou até seu carro.

Você abriu a porta para eu entrar no carro, e eu sentei ao lado do banco do motorista, logo você também se sentou.

Quando eu estava colocando o cinto de segurança, você se aproximou.

— Permita-me. — você disse.

Seus braços se aproximaram de minha coxa, enquanto você ajeitava o cinto. Imediatamente me arrepiei.

Você percebeu isso, e sorriu de lado para mim.

E que sorriso.

— Para onde vamos? — Tentei fazer você esquecer que eu havia me arrepiado com seu toque.

— Pensei numa sorveteria. — disse ele.

O caminho até a sorveteria foi silencioso, eu estava com vergonha de falar qualquer coisa, ainda mais depois de ter ficado arrepiada com seu toque, e pior, você ter percebido isso.

E logo, já estávamos lá.

Optei por um sorvete de baunilha com morango. E você escolheu o de chocolate.

— Obrigado por topar sair comigo. — você disse. — Nunca tive a oportunidade de conhecer ninguém como você.

— Como assim? — perguntei.

— Lembra das meninas do jogo? Então. Só conheci garotas assim a minha vida toda. E quando percebi que você não estava me dando mole, isso me interessou ainda mais. — você afirmou.

— Você gosta da dificuldade. — falei.

— Não. Eu gosto do diferente, do único, do melhor. — você disse.

Eu sorri.

E você sorriu de volta.

Conversamos por mais alguns minutos, mas tudo começou a desandar.

Você se lembra?

Algumas garotas, junto a dois garotos, entraram na sorveteria e olharam para nós, ou melhor, para mim, dando risada.

Aquilo estava começando a me incomodar.

Pegaram o celular, e tiraram foto de nós, isso foi visível por conta do flash dos celulares.

Mais, e mais risadas.

Você estava os olhando sério, com um olhar raivoso.

Eles se sentaram numa mesa perto da nossa, e não paravam de olhar e sussurrar.

Porém um dos cochichos eu fui capaz de ouvir.

"Evan agora opta por namorar com garotas esquisitas que nunca falam nada, parece até que é muda, coitada."

Muda, esquisita, e coitada.

Esses adjetivos acabaram comigo.

Você se levantou, e foi até eles.

— Se vocês tem uma vida podre e medíocre, não descontem em quem não merece. Aquela garota é mais bonita e mais valiosa do que qualquer uma de vocês jamais pensou em ser. — você gritou, chamando atenção de todos para você.

Eu chorei.

Me retirei da sorveteria aos prantos, nunca havia passado por tamanha humilhação.

Evan, eis aqui o terceiro motivo de nós não termos dado certo.

A inveja.

Os olhares que nos cercavam não desejavam nosso bem, ou melhor, o meu bem.

E isso colocou um alvo em minhas costas, isso me fez visível, quando a única coisa que eu queria era continuar sendo invisível.

Para sempre, JulietKde žijí příběhy. Začni objevovat