Capítulo 26

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Estou escrevendo essa carta não para enviá-la a ti, e sim porque sinto necessidade de pôr um fim em algo que iniciei. Contei toda a nossa trajetória, do início até o suposto fim, e agora nós iniciamos um novo ciclo. Então eu sinto necessidade de pôr um fim no anterior.

Sequer vou te mostrar essa cartas, talvez eu as guarde em um lugar especial, onde daqui alguns anos poderei ler novamente e lembrar disso tudo.

Mas agora, eu sinto que preciso contar tudo nessas cartas, depois de tanto tempo escrevendo-as, sinto que o papel é o meu melhor amigo.

1 de abril de 2018, 19h.

Eu andava para um lado e pro outro sem parar. Já estava arrumada, usando um vestido vermelho, algo diferente do que eu estava acostumada, porém estava achando que tudo estava ruim, que eu estava feia e que tudo daria errado. Você não pode me culpar por esse pessimismo extremo, se antes sendo um jogador de futebol da faculdade você já era cercado por holofotes, imagina agora que te consideram o jogador mais bem pago da atualidade.

A todo momento eu checava a janela, procurando pelos faróis do carro de seu motorista. Quando deu 19h01 eu cheguei a achar que você havia desistido de me ver, e por conta disso o motorista não apareceu. Então eu me desesperei, minha mão gelou e eu comecei a suar sem parar, continuava caminhando em círculos na sala.

— Droga, eu sou mesmo muito tola. — resmunguei indo para o quarto no intuito de me desarrumar, já que estava crente de que você não viria. — Não sei como depois de 4 anos eu consigo ser tão boba. Queria que Aber estivesse aqui agora, provavelmente faria um discurso de como eu devo ser otimista e menos paranóica.

Assim como você, Aber havia conseguido o que sempre quis. Virou um jogador de futebol famoso, mas o time do qual ele joga não é aqui no país, e sim na Espanha, o que faz com que a gente quase nunca acabe se vendo, apesar de que continuamos conversando através das redes sociais todo santo dia. Seu namoro com Mika já havia se transformado em noivado, e eu mal podia esperar para o casamento, tinha certeza que ia passar mal de tanto comer, algo que eu adoro.

Quando eu já havia tirado o vestido e estava preparada para vestir um pijama, ouvi a buzina do carro e vi os faróis através da janela. Era o motorista.

Então eu gritei pela janela:
— Me espera, não vai embora não!

Corri para o quarto, vesti rapidamente o vestido e saí de casa extremamente apressada, com medo do motorista e ir embora e eu acabar não te vendo.

Assim que saí, me deparei com o carro. Como não entendo deles, não posso dizer qual o modelo e nem de qual ano é, mas era um carro muito bonito e aparentemente muito, muito caro.

O motorista abriu a porta para mim.

— Boa noite, srta. Juliet.

— Boa noite, me chame apenas de Juliet. Qual o seu nome?

— Frank.

Eu sorri, e então ele começou a dirigir. Eu mal podia acreditar que a hora estava chegando, finalmente ia ver você. Por várias vezes pensei em não ir, que não seria uma boa ideia, mas assim que pensei em te abraçar novamente, todos os pensamentos negativos foram embora, e a vontade de olhar para o seu sorriso prevaleceu.

E valeu a pena.

A brisa da noite entrava no carro, e eu encarava a lua, ela estava cheia. Tudo estava cogitando a nosso favor, pela primeira vez.

— Chegamos. — anunciou Frank.

Comecei a gelar.

Ele desceu do carro, e abriu a porta. Eu desci, e encarei o restaurante. Fiquei cerca de dois minutos parada em frente dele, me faltava coragem.

Para sempre, JulietWhere stories live. Discover now