De cabeça para baixo.

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Esfreguei as mãos rapidinho quando abri a porta da frente do prédio. Estava vestindo um casaco com um pijama flanelado longo por baixo.

Voight estava dentro do carro e encarava as rua vazia do meu quarteirão as 23h46 da noite.

Ouvi as portas serem destravadas e entrei sentindo o choque do ar quente no meu rosto. Permanecemos quietos até Hank quebrar o silêncio. - Eu nem sei por que te liguei - Disse colocando as mãos no rosto - E nem por que disse aquilo.

- Entendi - Assenti.

E novamente permaneceu o silêncio e só ouvia o som das nossas respirações.

- Na verdade eu sei sim - Me olhou - Pensei em você o dia inteiro Louise. Hoje foi um dia terrível, eu só queria esquecer o que aconteceu.

- Voight, eu... - Encarei ele que mantinha os olhos em mim. - O que aconteceu ?

Hank encarou o nada com o maxilar travado. Estendi minha mão e entrelaçados nossos dedos. - Prendi um garoto de 17 anos hoje, ele matou o meu amigo Nick Marcello, nós crescemos juntos em Cícero. Agora ele está morto. - Me olhou suspirando.

- Eu sinto muito, mesmo. - Analisei sua figura cabisbaixa na minha frente.

Hank era um homem aparentemente forte e durão, colocava medo em bandidos e marginais, gangues e até mesmo em seus superiores, mas hoje, estava exausto e magoado com o que aconteceu.

- Você quer subir? - Apertei de leve seus dedos. - Está tarde, as crianças vão ficar bem ?

- Quero - Assentiu - Erin está na casa do Olinsky, com a filha dele, Lexi. Justin está viajando com o time de futebol. - Desligou o ar.

- Vamos ?

- Vamos.

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- Fica a vontade. - Dei espaço pra ele entrar. Tirei meu casaco e coloquei no armário perto da entrada. - Você quer um café, chá, água, whisky?

- Tem Whisky em casa ?

- Ah, o Will e a Natalie vieram jantar em casa a algum tempo, eles trouxeram e acabou ficando aqui no balcão. - Dei ombros.

- Vou querer um café mesmo.

- Está bem. - Concordei - Quer assistir um filme, algo parecido ? Pode ligar a Tv, fica a vontade Hank.

- Obrigado - Assentiu ligando a tv em um canal de notícias mas não sentando no sofá, invés disso, começou a caminhar pela sala, e parou na minha estante com algumas fotos. - Você me disse que não tinha filhos, mas essa criança é a sua cara - Disse pegando um porta retrato.

- É a minha afilhada - Ri fraco - Ela já não é assim a um bom tempo, tem 6 anos agora. - Disse me aproximando. - Olivia é a pessoa que eu mais amo no mundo.

- É sua cara mesmo - Colocou o porta retrato de volta no lugar - E esses ?

- São meus irmãos Henri e Marco. - Apontei - O Marco é o pai da Olívia. Essa é minha mãe, meu pai os meus irmãos do lado, minha sobrinha Emily e minhas cunhadas. - Mostrei uma foto no Natal que passamos na casa da minha mãe.

- É uma bela família - Me olhou.

- Obrigada - Sorri fraco. - E seu pai ?

- Ele trabalhou na mesma unidade que eu comando hoje - Disse pegando a carteira e me mostrando o pai dele - Richard Voight, ótimo policial, melhor pessoa que eu conheci. - Disse nostálgico.

- Tenho certeza que ele tem muito orgulho de você. - Disse colocando a mão no seu braço e depois caminhei em direção a cozinha, coloquei um pouco de café em uma xícara - Aqui - Coloquei na ilha da cozinha - Açúcar?

- É verdade, eu concordo - Assentiu - Não, eu tomo puro. - Tomou um gole - Obrigado

Concordei passando um pano e deixando no canto perto da pia. - Já assistiu o filme O suspeito ?

- Já sim - Concordou.

- Vai passar na HBO, quer assistir ?

- Claro.

Sentamos no sofá e colocamos os pés na mesinha de centro. Hank tirou a jaqueta e colocou no encosto do sofá.

O filme ainda estava no começo quando Hank suspirou. - Assisti a reprise desse filme com Nick no cinema. Nunca mais vai acontecer. - Apertou o queixo.

O olhei e ele encarava a tv com o filme rolando, senti ele entrelaçar nosso dedos e nos assim ainda assistindo Tv.

Soltei nossas mãos e me levantei - O que foi ? - Voight perguntou.

- Vou pegar uma manta - Abri o armário no quarto e voltei pra sala apagando as luzes, joguei o tecido por nossas pernas e entrelacei nossos dedos de novo.

- Hank, de novo, sinto muito por tudo - Disse baixo - Estarei aqui se precisar.

- Obrigado - Agradeceu baixo, apertando minha mão.

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Acordei com barulho de água na janela, passava um filme qualquer na tv e Hank estava com o braço sobre os meus ombros, me soltei devagar e caminhei até a janela, ainda estava bem cedo, o relógio em cima da geladeira marcava 6h em ponto.

Não acredito que Hank subiu. Não acredito que ele passou a noite em casa. Senti novamente as borboletas dançando na minha barriga, balancei a cabela e peguei meu celular na mesa.
Tinha uma mensagem da Nati, uma do Will, duas da minha mãe e duas ligações da Goodwin.

Caminhei pra varanda, não queria acordar Hank que dormia pesado, disquei o número da Sharon, que tocou três vezes antes de atender.

"-Senhora Goodwin, o que houve ? Aconteceu alguma coisa? Desculpe só retornar agora"
- Olá Dra. Ferphi - Fez uma pausa - Não aconteceu, eu liguei para perguntar se a senhorita pode trocar sua folga de quinta por hoje. O Dr. Connor vai te substituir.
- Fiz algo de errado, senhora ? - Perguntei me apoiando na sacada.
- Não, não aconteceu nada, só uma substituição na equipe do Dr. Lettan.
- Tudo bem.
- Até segunda, Dra Ferphi. Boa folga.
- Obrigada, bom domingo"

Desliguei o telefone e caminhei para sala, Hank ainda estava dormindo. Encarem o homem que dormia tranquilo no meu sofá e me toquei do que eu estava sentindo agora.

E pode ter certeza que eu estava gostando.

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Fiz um capítulo só pros dois, espero muito que vocês gostem!
Tô tendo um pouquinho de dificuldade em escrever, aos poucos vou tentando, por enquanto vejo que vocês estão amando, e isso motiva muito!
Obrigada pelo apoio, isso é tão necessário é importante pra mim!
Prometo voltar antes de segunda, bom fds! ❤️

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