Meu Herói

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- Meggie, por favor, prepara uma sala de cirurgia, essa menina precisa operar - Murmurei baixo pra mulher ao meu lado.

- Minha filha vai operar ? - A mãe de Emilly se desespera ao meu lado - Ela vai ficar bem ? - lágrimas caiam desesperadamente do rosto da mulher, a puxei até um banco e agachei em sua altura.

- Senhora, eu prometo a você, Emilly ficará bem, ok ? - Disse. - Vamos levá-la pra sala de operações, logo trago notícias.

A mãe da pequena assentiu e caminhou em direção a maçã da filha, que já estava sendo levada por enfermeiros em sentido ao elevador.

Os dois policiais ainda me encaravam, pasmos com a notícia de que uma criança de 10 anos tinha acabado de sofrer um aborto. Apertei minhas temporadas respirando fundo e tentando assimilar tudo o que estava acontecendo ali.

- Lou, eu lamento interromper. - Adam colocou a mão nas minhas costas. - Mas preciso fazer uma pergunta.

O olhei atordoada e assenti com a cabeça.

- Bem, Emilly não desenvolveu a criança, mas será que é possível fazer um teste com o sangue ? Isso seria o tiro certeiro pra achar o estuprador.

- Vou ver o que posso fazer por vocês - Respondi. - Vou avisar o cirurgião e assim que tiver tudo pronto, eu ligo, poder ser ?

- Claro, vamos Antônio. - Antônio acenou para mim e Adam deu um aperto em meu ombro.

Encarei o relógio em meu pulso e faltava apenas 10 minutos restantes para o final do meu plantão. Resolvi ignorar completamente. Mandei uma mensagem para a mãe de uma amiga de Erin, pedindo para levar ela, e Justin para casa.

Liguei para o responsável pela cirurgia de Emilly, pedindo um exame de sangue do feto, estava tarde, tinha sido um plantão exaustivo, estava com minha saúde mental acabada.

Deitei no sofá da sala dos médicos implorando pra estar na minha cama abraçada com Hank, e adormeci aos poucos.

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- Lou, acorda Lou. - Senti meu corpo sendo chacoalhado e Meggie preencher minha visão. - O resultado do exame que você pediu saiu. - Me entregou o envelope branco.

- Tudo bem. - Me espreguicei. - Vou levar isso pro Hank. - Peguei meu celular chamando um Uber pro distrito 21. - Como Emilly está ?

- Estável, subiu para o andar pediátrico, acordou, tomou água e comeu, agora está descansando com a mãe.

- Ótimo, é tudo que ela precisa. - Concordei pegando meu casaco e minha bolsa. - Volto logo.

Meggie assentiu e corri para porta do hospital onde o Uber me esperava. O caminho até a delegacia não era longo, aproveitei para analisar o exame de sangue, que não tinha muitas informações, exceto pela data, e o tipo sanguíneo do mesmo. Troquei poucas palavras com o motorista e logo já estava na rua cercada de viatura de polícia.

Agradeci a corrida e subi os quatro primeiros degraus do prédio, antes de subir a escada. Trudy Platt mastigava um sanduíche gordo, e estava com os seus habituais óculos na ponta do nariz.

- Boa noite Sargento. - Parei em frente a Trudy. - Posso conversar com o Hank ?

- Boa noite doutora. - Acenou. - Vou liberar sua entrada. - Assentiu breve.

Agradeci e esperei em frente ao portão que destravou, subi as escadas e vi Jay sentado na sua mesa, Adam e Antônio na cozinha e Burgess no telefone. Era tão tarde, todos deveriam estar no conforto de seus lares, eu deveria estar em casa com as crianças e Voight, mas não, estávamos brincando de jogos de tabuleiro com um estuprador de crianças e a saúde de uma menina de apenas 10 anos.

- Louise, oi! - Burgess me parou. - Tudo bem ?

- Na medida do possível, acho que sim. - Assenti - Hank está ?

Kim confirmou e apontou pra sala do Sargento, que estava fechada, com Voight sentando de costas para a mesma.

Caminhei sob o olhar dos detetives até a sala do meu amado, dei dois toques no vidro fino e ouvi um "entre"

- Olá. - Disse baixo.

- Lou, amor, o que faz aqui ? - Perguntou se levantando e me dando um abraço apertado. Eu havia começado a apreciar isso, ele sempre sabia o que fazer e quando fazer. Hank me puxou para o pequeno sofá que tinha em seu escritório. - Você não deveria estar em casa ? Já é tarde.

- Adam me pediu um exame de sangue do feto, aqui está o resultado. O estuprador é O+. Isso ajuda em algo ?

- Como sabe o tipo sanguíneo dele ?

- Emilly é B+, o tipo sanguíneo seguinte é proveniente do "pai" - Fiz aspas com os dedos.

- Bem, isso ajuda, vou cruzar com as pessoas que tem convívio com Emilly, quando eu e Olinsky conversamos com ela, estava um pouco tímida por causa da situação, a única coisa que disse era que tocou na mão esquerda dele, sentiu uma aliança, então era casado. - Disse se encostando no estofado de couro. - Ela tá protegendo o estuprador.

- O que pretendem fazer ? - Perguntei apertando os olhos, apoiei minha cabeça na minha mão, e o braço na coxa. O uniforme vermelho parecia fazer parte de mim já, estava colado em meu corpo e eu só desejava um bom banho.

- Lou, você não deveria estar em casa ? - Hank perguntou me analisando, antes de me puxar para um abraço de lado apertado. - Não se preocupe com as crianças, Justin ligou dizendo que já estavam em casa, e era a voz dele mesmo.

- Justin pediu para cancelar a ida da garota em casa. – O olhei. – Ela e outro garoto estavam se beijando na arquibancada da escola. – Murmurei. – Coisas demais pra um dia só.

- Lamento por ele. – Respondeu me apertando. – Vem Lou, vou te levar em casa, eu sei que deu turno já acabou.

Assenti e levantamos, Hank colocou sua habitual jaqueta e pegou o envelope que eu  havia trazido.

- Adam, os exames que você pediu, faça o possível. – Voight disse simples. – Vou levar Lou em casa, qualquer coisa me liguem.

Saímos da unidade pelos fundos, logo no estacionamento, assim que entrei no carro de Voight, mandei uma mensagem para Goodwin, avisando toda a situação. Retornou apenas com um "Sem problemas".

O caminho foi rápido, com poucas palavras entre nós dois. O silêncio confortável e apenas o som das nossas respirações.

Sorri leve para Hank assim que estacionamos o carro na frente de casa. A janela da sala estava acesa, mostrando que as crianças estavam ali.

Caminhei para a porta da frente, já retirando meu casaco, joguei as chaves no cestinho de palha da entrada, Hank estava atrás de mim, trancou a porta e colocou seu casaco do lado do meu.

- Chegamos. – Anunciei.

Erin e Justin estavam deitados no sofá de frente a TV.  Um cobertor fino cobria a pernas de Erin e tinha um balde de pipoca entre os dois.

- Oi Mãe. – Erin sorriu pra mim, sentei na mesa de centro encarando os dois.

- O que foi, mãe ? – Justin perguntou, ele e Erin estavam na minha frente, prestando atenção no meu rosto.

Puxei os dois pra um abraço que foi retribuído fortemente. – Não foi nada. – Neguei. – Só senti saudades de vocês dois.

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Esse aqui ó 😭🥺❤️‍🩹

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