Caneta venenosa.

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- Oi querida – Hank tocou meu braço enquanto eu batucava a caneta olhando em direção ao quarto da criança. – Como você está ?

- É estranho. – Murmurei endireitando minha postura. – Isso não é coisa que deveria acontecer.

Hank me olhou. – Eu entendo que é uma criança, mas achei que você já estava acostumada com isso.

- Você fica acostumado com os assassinatos que vê ? – Retruquei encarando meu parceiro. Respirei fundo e contei até cinco. – Desculpa, é que mexeu comigo, sei lá, poderia ter sido a Erin, Hank – Olhei pra ele  

- Você sabe que eu não deixaria isso acontecer. – Explicou se apoiando na mesa. – Nada de ruim, nem com você nem com as crianças.

- Eu sei, mas provavelmente essa mãe também não deixou isso acontecer e olha o que deu. – Apontei para o quarto onde a senhora encarava a filha.

Olinsky chegou e me cumprimentou com um abraço rápido. - Já podemos começar, Voight.

Hank concordou e me puxou pra um aperto. – Eu vou resolver isso Lou, prometo pra você.

Concordei vendo os dois entrar no quarto e fechar a porta de vidro. Suspirei mais uma vez e decidi focar no restante dos meus pacientes.

- Doutora, Bagdá! – Doris gritou do outro lado do corredor enquanto eu me arrumava com o estetoscópio no pescoço.

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Eram quase 15h da tarde quando decidi parar para comer alguma coisa. Hank tinha ido pra Unidade, me avisando que começaria a investigação. Eu comia um lanche de frango quando senti meu celular vibrar em uma ligação, com o nome "Justin" no ecrã.

Deslizei o botão atendendo o telefone. – Alô ?

– Oi Mãe, você pode falar ? – A voz clara me perguntou. Terminei de mastigar o pedaço do lanche e limpei minha boca.

- Sim querido, o que houve ? Está tudo bem ?

- Ah, sim, está sim. – Fez uma pausa. – Acho que está na verdade.

- O que houve, Justin ? – Perguntei ficando mais atenta. – Algo com a Erin ?

- Não mamãe, é só que... – Pausou – Será que tem como cancelar a ida da Sarah lá em casa ? 

- Bem, o dia está meio corrido aqui no trabalho, eu ainda não tinha conversado com ele. – Respondi – O que aconteceu ?

- Bem, deveria perguntar a Michael Thompson, já que os dois estavam ficando na arquibancada. – Suspirou – Só liguei pra isso mesmo, daqui a pouco meu treino começa.

- Oh querido, eu sinto muito. – Respondi com meu coração na mão. Não era justo alguém pisar no coração do meu menininho. – Tenho certeza que Sarah e Michael são dois idiotas.

- É, eles são – Murmurou. – Eu preciso ir mamãe.

- Prometo fazer aquele bolo de chocolate que você gosta, está bem ? – Ouvi um grunhido de aprovação do outro lado da linha. – Bom treino meu bem.

- Tchau mãe, bom trabalho. – E desligou.

Mais uma notícia, hoje era um dos dias que eu mais odiava, tudo veio como uma bomba. Primeiro esse caso terrível com uma criança, depois, uma garota pisa no coração de Justin, que não merecia isso.

Não havia mais mensagens de Hank no meu celular, Justin estava no treino, e Erin na aula de dança. Apoiei o rosto nas minhas mãos suspirando por estar cansada desse dia terrível.

Meu bip fez um som e o chamado "enfermaria" aparecia na tela. Joguei o restante do meu lanche no lixo, e caminhei rápido até o balcão de Meggie.

- O que houve Meggie ? – Perguntei passando álcool nas mãos. – Você me bipou ?

- Sim Lou, Adam e Antônio estão aí, queriam fazer algumas perguntas. – Apontou em direção da sala de reuniões.

Concordei respirando fundo e caminhei em direção a sala.
A imagem dos dois apoiados na parede preencheu a minha visão quando entrei no local. Antônio segurava um bloquinho de notas e Adam estava com as mãos dentro dos bolsos da calça jeans.

- Queriam falar comigo ? – Perguntei.

- Sim Doutora – Adam coçou a garganta. – Voight contou o caso para nós. Gostaríamos de saber o estado da garota, antes de tudo – Explicou.

- Adam, primeiro, só Lou. – Respondi – Emilly está no início da gestação. Não tem muitas novidades.

- Não podem fazer o teste de estupro ? – Antônio perguntou.

- Depois de todo esse tempo ? Não mesmo – Neguei. – Ele só dá resultado 48h depois, fora isso é irrelevante e invasivo.

- Contou pro Voight que a mãe não sabia como tinha acontecido, fora isso, ela disse mais alguma coisa ? – Adam perguntou.

- Não, iríamos fazer uns exames só, estou esperando os resultados. – Disse. – Eu falei pro Hank que era possível ser alguém que ela conhecia ou tinha medo. Adam, ela tem 10 anos, a idade de Erin, se fosse um desconhecido, ela com certeza falaria. – Expliquei.

- Bom, você tem razão. – Antônio concordou. – Nós podemos falar com ela ?

- Claro, eu vou com vocês. – Concordei abrindo a porta para os dois.

Caminhei a frente de Adam e Antônio até o quarto de Emilly, a mesma assistia algo no celular, e a mãe folheava uma revista, quando aparecemos, deixou a mesma em cima da cama e levantou.

- Sim ? – A ruiva perguntou.

- Senhora, detetive Dowson e detetive Ruzek  – Apontou. – Gostaríamos de fazer algumas perguntas. – Antônio disse a puxando levemente para fora do quarto, não correndo o risco de Emilly ouvir algo duro.

- Tudo bem, o que for ajudar. – Concordou abraçando o próprio corpo.

- A quanto tempo sabe que sua filha está grávida ? – Antônio perguntou enquanto anotava algo em seu bloquinho.

- Soube quando a Dra. Ferphi me contou. – Apontou pra mim. – Eu ainda não acredito que isso está acontecendo. – Negou abaixando a cabeça.

- Nós sentimos muito. – Adam colocou a mão nas suas costas. – Pode nos dizer as pessoas que Emilly tem maior convívio? Tios, primos, pais de amigos.

- Nossa família inteira está no Texas, então família não. – Negou respirando fundo. – Emilly tem uma melhor amiga, Karen, eu posso passar o endereço da família. – A mulher com os olhos e nariz vermelho respondeu. – Fora isso, ela vai a escola, e alguns dias da semana fica até depois da aula na casa do pai.

- Por favor, tudo o que for ajudar a pegar quem fez isso. – Antônio disse. – E você e o pai dela são separados ?

- Sim, a 4 anos, mas tentamos fazer de tudo para que fosse normal para ela. – Adam concordou.

Eu observava tudo com o estômago embrulhado, não acreditando que aquilo era real.

- Doutora, saiu os resultados. – Dóris me entregou o tablet com os exames da garotinha na tela.

- Ela está bem doutora ? – A mãe perguntou.

- Ela está bem, mas o feto não.

- Como assim, Lou ? – Meggie perguntou do meu lado.

Olhei para as quatro pessoas me encarando enquanto eu encarava os dados.

- Emilly teve um aborto espontâneo.

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Não tão bom, mas antes muito, muito, muito tarde do que nunca.

Logo sai da fanfic com o Jay :)

The Power of LoveWhere stories live. Discover now