Capítulo 4

1.6K 230 19
                                    

Mavis

Quando acordei eu sentia frio e uma certa dor, muita, por todo o meu corpo. Desorientada vejo a enorme bola prateada que é a lua acima de mim, vejo pedras...

Estou caída em uma posição torta e dolorosa, em pedras lisas, longe das pontiagudas e ásperas das montanhas ao redor.

Eu devagar me movi, primeiro um dedo da mão, depois um do pé, um pouco dos braços e pernas, mechi minha cabeça e sinto o pescoço latejar.

Uma queda de talvez cem metros ou mais, muito mais, como ainda estou viva?

Eu devagar me ergo desajeitada e torta, eu olho ao redor sentindo gosto de sangue na boca, só pedra, rochas grandes e... uma cidade.

Eu olho para uma cidade brilhante ao longe, brilhante como as estrelas naquele céu noturno.

— Velaris. -murmuro.

Eu olho para baixo, vendo que ainda estou a uma distância considerável do chão.

Eu me agacho estremecendo com a altura que pareceria me engolir.

Você tem sangue de Maria bonita, isso é só uma distância pequena...

— Não tão pequena. -sussurro.

Eu começo a descer, minhas unhas raspando a pedra. Ofego baixo fechando os olhos, se eu não descer eles irão me achar aqui, e eu preciso correr, quando o Sol surgir ficará mais fácil de eu ser vista.

E eu continuei.

.

Quando os meus pés finalmente tocaram terra firme e poderia me ajoelhar e agradecer a todos os santos e anjos. Eu percebi que ainda não havia acabado.

Ainda havia um longo percurso para mim, e minhas chances de sobrevivência diminuem a cada segundo que demoro.

Foi quando eu avancei na noite fria, em passos mancos e dolorosos eu enfrentei o meu maior medo que era o escuro, tendo apenas as estrelas e a lua como luz e guias.

Rezando para que eu sobrevivesse a tudo aquilo e achasse um meio de ir para casa, porque por mais que eu tenha lido e visto a bondade daqueles personagens nas páginas, aqui ao vivo e a cores não era assim, eu não chegaria logo de cara e seria a melhor amiga deles, não seria bem recebida ou posta para ficar em sua casa.

Aqui eu era uma estranha de outro mundo, um mundo que eles não conhecem e acham ser uma ameaça, sou alguém que não conhecem e não sabem se podem confiar, não sabem se serei uma ameaça em suas vidas. Então eles me tratariam como o mestre espião até descobrir como cheguei aqui, quem sou e porque vim parar justamente aqui.

Eu me agarro a uma árvore, cansada, ouvindo os barulhos estranhos da noite, para mim que já ouvi onça, lobo guará, cachorro do mato e rasga mortalha não era nada de tão novo.

O problema é que eu não encontraria nenhum desses animais aqui ou os ouviria, eu poderia dar de cara com uma criatura que jamais vi e ser morta por ela em segundos, me tornando a sua refeição, não que eu estivesse tão cheia de corpo para isso, estava magra dos dias sem comer direito, desidratada pelo pouco de água que recebia.

Olho para cima em busca de uma luz, quando percebo que a árvore que estou agarrada é um pinheiro.

Ouço o som baixo de água corrente e me alerto, pinheiros e água, um rio ou córrego. Signfica que eu estava perto do córrego onde Lucien encurralou Feyre com os sentinelas. Então signfica...

— Estou em illyria. -sussurro.

Estou nas terras illyrianas da corte noturna. Então eu poderia chegar ao acampamento...

Corte De Trevas E Sombras | •AcotarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora