Mavis
Meus pés descalços tocaram o úmido da lama da terra illyria.
Eu só enxergava vermelho, ódio, puro ódio.
Um trovão rugiu no céu da madrugada junto com a luminosidade de um raio dentro das nuvens.
A luz iluminando a silhueta dos pinheiros que balançavam com o vento forte.
Eu inspirei fundo, fechando os olhos.
Até captar aquele cheiro rústico e amadeirado, cheiro de pinho e madeira e canela.
Meus pés agiram, aquela velocidade metamorfa, às árvores não passam de um vulto, eu não passava de um vulto dentro daquela floresta, os cabelos voavam, a respiração era perfeitamente controlada.
Caçar, caçar, matar.
Rosnei, a seda da camisola esvoaçando com meus movimentos. Corra, corra.
Trovões ronronaram e eu saltei um enorme tronco, com uma facilidade tremenda.
Eu cheguei a uma clareira, galhos quebrados acima dos pinheiros, demonstrando que alguém havia sido derrubado do céu.
Uma grande confusão de terra por onde essa pessoa caiu, como se derrapasse, o cheiro estava aqui.
Foi aqui que Cassian caiu, e aqui que começou.
Sinto cheiro de sangue seco.
Eu me agachei, tocando a lama, sangue do general. O ódio apenas crescia.
Pego mais cheiros no ar, havia sentido eles uma vez... Quando estava com Azriel.
Renegados, e aquele outro cheiro.. diferente, não sabia de quem era.
Ainda está fresco, o rastro ainda posso pegar.
Norte.
E eu mergulhei mata a dentro, andarilhos, não se dariam ao luxo de voar se não fosse necessário, para não serem pegos.
E mesmo que voassem, não fugiriam de mim, gatos gostam de pegar pássaros.
Eu paro no meio do caminho, olhando em volta, a floresta parecia se inclinar em minha direção para me consumir.
Fecho os olhos, minha audição se aguçando e se estendendo pelas folhas e vento, pelo chão, por cada grão de terra.
Ouço risadas e meus olhos se abriram, sinto cheiro de fumaça, uma fogueira.
Eu segui na direção que aquilo apontava como uma flecha, minha visão capitando o brilho alaranjado do fogo ao longe, cinco silhuetas com asas sentadas em torno da fogueira.
— O general mais poderoso.
Eles gargalham.
Os trovões ronronaram e sinto pingos de chuva fina tocarem meus ombros.
Observo um dos machos que está de pé erguer algo como troféu.
— Parece que não era tanto assim. -ele balança algo na mão, uma grande quantidade de cabelos escuros ondulados.
Cortaram.os.cabelos.dele.
— Deve estar morto, acabamos com ele. -outro que estava sentado disse.
Eles gargalham e um rosnado irrompeu baixo na mata.
— Ouviram isso? -um pergunta.
— Algum animal. —ele atirou uma quantidade do cabelo no fogo— queime, desgraçado.
Aquele que ouviu se ergueu, se aproximando de onde a luz da fogueira não alcançava, onde estava escuro. Afastado dos outros.
Meus olhos acenderam e ele travou.
ESTÁ A LER
Corte De Trevas E Sombras | •Acotar
FantasyMavis, uma jovem leitora nordestina que vive sua vida difícil em seu estado, a única escapatória são seus amigos com páginas e letras digitadas em tinta. Azriel, um mestre espião frio e calculista que está sozinho desde que pode se lembrar, até que...