Mavis
Eu entrei em uma casa com decoração simples mas rústica, era bonita e pela primeira vez senti aconchego.
— Não é aquele luxo da casa do rio.. -Cassian começa.
Eu o cortei.
— Já morei em casa de taipa, Cassian, sabe o que é?
Ele nega.
— É uma casa de barro com troncos de madeira para segurar, um teto não muito seguro mas era um teto. —olho para ele— o chão de terra, eu não me importo com luxos.
— Sua posição era baixa em seu mundo? -ele pergunta como não uma pessoa que quisesse ofender, e sim porque estava curiosa.
— Não faltou comida, algumas vezes sim. —maneio a cabeça— quando eu era criança mas isso não me tirava o sorriso, o pouquíssimo que tínhamos para mim era muito e eu fui feliz, atualmente estamos melhor do que antes, muito melhor.
Eu suspiro.
— Eles estão, eu estou aqui. -murmuro.
Ele assentiu devagar.
— Está com fome? Aviso que não sei cozinhar mas tem algo na dispensa. -fala passando por mim.
— Eu sei cozinhar. -digo.
— Bom... acho que terei comida de verdade hoje e não besteiras que compro. -fala.
Observo ele se livrar da armadura com uma batida de sifão, estava em uma camisa normal agora, aberta até o peito, mostrando um pouco do corpo altamente musculoso.
Eu pisco algumas vezes, caramba.
— Admirando minha beleza...
— Como faz para ter tantos músculos? —surgi na sua frente o cutucando— já fiz academia por alguns meses mas não mudei nada, é um tipo de treinamento, olha.
Ergo meu humilde muque e ele piscou.
— Tem alguns músculos aqui. -ele toca o meu braço.
— É de arrancar macaxeira. -falei.
— Maca o que? -pergunta.
— É algo de comer que cresce embaixo do solo, no meu mundo nós arrancamos com as mãos, e é difícil pra caramba. -falo.
Ele assentiu.
— Se a minha avó te visse e visse esse braço, iria te pôr para arrancar um campo todo. —falo— se bem que você arrancaria dois sem esforço...
— Você é engraçada, e acelerada, sabia? -ele vai caminhando e eu o seguindo.
— Ah, isso é normal. -eu digo.
Ele entrou em uma espécie de cozinha.
Eu olho para o fogão, é... bem diferente.
— Diferente do seu mundo? -pergunta.
Eu assenti olhando para aquilo. Eu abri uma pequena portinha que eu vi onde havia um pouco de carvão.
— Já cozinhei a lenha várias vezes, sabe? Feijoada fica mais gostosa em fogão a lenha do que nos normais. -falo.
— Eu acendo para você. -ele disse.
Eu ergo a cabeça e ele apontou para um dispensa.
— Vou ajudar a cortar carne para que você não faça tudo sozinha. —ele disse— tenho que mostrar o pouco de dignidade que me resta.
— Bem... esses braços fortes de quem usou a espada milhares de vezes... você deve ter um corte muito limpo para carne. -falo.
Ele me olhou de relance pegando uma faca extremamente afiada da gaveta, a qual soltou um assobio.
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Corte De Trevas E Sombras | •Acotar
FantasiaMavis, uma jovem leitora nordestina que vive sua vida difícil em seu estado, a única escapatória são seus amigos com páginas e letras digitadas em tinta. Azriel, um mestre espião frio e calculista que está sozinho desde que pode se lembrar, até que...