Capítulo V

7.2K 697 235
                                    

Anippe Mahlab

O ar frio gela minhas narinas, e uma dor tremenda faz minha cabeça vibrar. Minha mente em torpor tenta achar uma justificativa para isso. Eu tomei um porre e estou de ressaca? Não, agora me lembro. Eu fui capturada e sedada.

Estou largada numa cadeira dura, e meu queixo está apoiado no meu colo. Minha cabeça parece pesar 50 milhões de quilos, e sinto meu pescoço tensionado, como se nós se formassem pela minha coluna. Minhas mãos e meus pés estão presos — não com algo físico, mas algo como um campo de força, que mantém meus membros colados na cadeira. Ergo a cabeça pesada lentamente, sentindo a mente girar. Estou vendada, mas sei que há alguém comigo.

Rapidamente, puxam a tira de pano do meu rosto. Demoro para abrir os olhos, porque não quero ser ofuscada pela luz que sinto bater na minha cara.

Abro os olhos, e vejo uma mulher. Ela é ruiva, e seus olhos verdes me examinam como se eu fosse um espécime raro. Seus cachos caem sobre os ombros enquanto ela caminha na minha direção, com uma arma moderna em punho.

Como se eu fosse atacá-la do jeito que estou.

— Me diga seu nome — ela exige, num tom autoritário. Como não dou nenhum indício de que irei responder, ela repete: — Seu nome.

— Sei que tenho o direito de permanecer calada — sussurro, e pisco o olho para ela.

Ela parece surpresa; daí ri, e balança a cabeça, como se o que eu acabei de dizer fosse ridículo demais.

— Isso não é uma delegacia. Você não foi capturada pela polícia.

Emudeço.

Se não estou aqui pelos meus furtos, o que estou fazendo nesse lugar?

— Sou Mederi — ela fala, se aproximando de mim e baixando um pouco a arma. Ótimo. Pelo menos agora não sinto que ela irá estourar minha cabeça a qualquer momento. Lentamente, ela começa a dizer: — Anippe Mahlab. Ou você prefere Thief?

Encaro aqueles olhos verdes frios como pedras. Mederi me dá as costas e vai até o outro lado da sala. Pela primeira vez, dou uma olhada ao meu redor.

Estou num lugar pequeno, com paredes cinzentas. A luz do sol da tarde entra pela única janela de vidro no alto da parede frontal, e bate diretamente nos meus olhos. Estou vestindo uma roupa absolutamente horrível: uma camisa de mangas e calças compridas e folgadas, marrons como folhas apodrecidas.

Não sei o que é pior: a dor de cabeça ou estar vestida desse jeito.

Mederi volta e para na minha frente segurando uma estatueta dourada de Osíris. Conheço muito bem esse artefato. Roubei-o do museu na noite do sábado. Entredentes, digo:

— Se você não é policial, quem é você e o que você quer? O que eu estou fazendo nesse lugar?

Ela sorri.

— Quero te fazer uma proposta, Thief.

Torço o nariz.

— Desculpe-me, mas eu tenho uma política pessoal muito rígida, de não fazer acordos com quem me sequestra. Em especial, se eu estiver presa.

Mederi pega um controle remoto retangular, e me mostra.

— Eu te solto. Se você prometer cooperar.

Olho para o controle na mão dela e aceno levemente com a cabeça.

— Tá, tanto faz.

Receosamente e apontando a arma para mim, ela corre os dedos pela tela do controle remoto, e o campo de força se desfaz. Com um suspiro de alívio, movimento meus membros descongelados.

InfectedHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin