Capítulo XXV

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Vladmir Gregorovitch

A penumbra da luz faz meus olhos recobrarem a capacidade. Luz? Luz de onde? Pensando bem, não me importo muito, porque apesar da minha visão estar incomodada, meu olfato está absolutamente satisfeito. De que é esse cheiro? Alguma flor? Parece que sim. Onde ela conseguiu esse cheiro? Parece que as garotas tem alguns mimos extras. Não ligo. Que cheiro ótimo. Me faz querer ficar aqui deitado o dia todo. Os cabelos são lindos. Tocada pelo fogo. Acho que ela não vai reclamar se eu ficar com uma mão acariciando eles.

Suas costas se arqueiam levemente, e sinto sua blusa se esticando debaixo do cobertor, a pele alva com as sardas iluminadas pela manhã, uma visão realmente deslumbrante.

- Eu te amo, malen'kaya feya.

- Me diz que não me chamou de feia. - ela responde, com voz sonolenta.

Dou uma pequena risada, não o bastante para me mexer, para não afastar o corpo dela do meu.

- Ah, então você estava acordada.

- Ainda não respondeu à minha pergunta.

- Significa pequena fada. - respondo.

- Anda tendo aulas com o Akira, é? Está aprendendo, pode continuar, eu gosto. - responde ela, com a voz mais desperta.

Fico em silêncio.

- Entendi. Não vou estragar o momento. - ela fala, se vira de frente para mim e coloca um braço por cima dos meus ombros.

Dou um pequeno beijo na testa dela e respiro fundo um pouco. Queria que esse momento durasse para sempre.

Sophia respira fundo e levanta.

- Vamos, temos um longo dia pela frente.

- Normalmente eu me levanto cedo, mas hoje queria fazer diferente.

Ela me olha com olhar incrédulo e me dá um tapa leve no braço.

- Folgado você, hein. - e dá uma leve risada em seguida.

- Você vai ver o folgado.

Me levanto rapidamente, e caminho em direção à ela, que recua. Quando suas costas encontram a parede, coloco meus dois braços para bloquear sua passagem.

- Se rende?

- Nunca.

Quando sinto o peso nos meus ombros, é muito tarde. O clone me puxa para trás, me derrubando no chão.

Deitado, olhando aquele lindo rosto se aproximando... O que era mesmo? Não sei o que estava pensando.

- Que isso sirva de lição. - ela diz e me beija.

...

Na quadra, quase deserta, é bem mais fácil correr quando não há ninguém atrás de você. Um guarda semidesperto na entrada boceja muito. Sophia conversa com Aisha em um canto, e aproveito para colocar minha mente em ordem. Há coisas que não tomamos conhecimento quando viemos para cá. Coisas sérias. A verdade não vai aparecer enquanto nos vigiarem. Então vamos desaparecer. É isso, não? Mas se desapareceremos, a verdade vai aparecer? Não é certo, mas é nossa melhor esperança.

Quando eu comecei a pensar assim? Quando comecei a me importar? Acho que agora eu tenho com o que me preocupar.

Isso vai me parar? Me impedir? E se eu hesitar e algum deles morrer por isso? Isso não pode acontecer. Vou proteger todos eles.

- Sua cara está fechada. Comeu alguma coisa estragada?

Bernard.

- Não, só estou pensativo, me desculpe.

InfectedWhere stories live. Discover now