ATO 7

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Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado.

     Apesar da sala de utensílios não ter janela, meu corpo sentia calafrios intensos

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     Apesar da sala de utensílios não ter janela, meu corpo sentia calafrios intensos. Sentada junto as tralhas, encarei Dante por um longo momento enquanto o mesmo segurava firme sua arma de madeira, pronto para mais um golpe.

— Não posso te deixar viva, Pan, não é nada pessoal, mas se acontecer algo com Petúnia por sua culpa, jamais me perdoaria por não tê-la matado antes.

— Seu egoísta! Assassinou uma inocente por ciúmes? Só porque Petúnia amava Lola e nunca amou você? Como conseguiu fazer tudo isso sem ser notado? E o que fez com o Brok, seu desgraçado?! — As perguntas saíam em desordem, em um ato desesperado por respostas. Porém o garoto estava calmo, quase não piscava quando voltara a falar:

— Não fiz nada demais. Vocês é que são burros e suspeitam das pessoas erradas. Não sou especialista em crimes. Só estava agindo nos lugares certos e nos momentos certos — Terminou com mais um sorriso entreaberto — E lamento dizer, mas não tenho nada a ver com o sumiço do ceguinho, pergunte talvez, para a diretora, quem sabe.

— Seu doente! Petúnia jamais perdoará você!

— Será? Não me lembro de dizer que sairia viva desta sala — Dante se aproximava lentamente, arrastando o pedaço de madeira no chão — Os imbecis nunca suspeitariam de nada. Estão todos alienados demais com qualquer outra coisa.

Me levantei aos tropeços, tremula. Eu tinha uma variedade imensa de coisas que poderia usar contra Dante em meio àquela bagunça, mas o medo sucumbiu minhas atitudes. Não conseguia pensar em nada que pudesse impedi-lo, ou bloqueá-lo. Então, sem perder mais tempo, ele correu em minha direção, segurando forte o pedaço de madeira. No momento em que o ergueu para me atingir, Rumpel apareceu e impediu o ataque com a mão, pegando a arma do garoto e puxando-a com força para o lado, fazendo Dante se desequilibrar e cair.

— Então... temos o nosso assassino — Disse o zelador o encarando.

— Rumpel... eu... eu posso explicar — Redimiu o rapaz ao ver que não haviam argumentos a seu favor. Rumpel, ainda muito sério, pegou pelo seu braço e o levantou rapidamente. Sem solta-lo o rapaz olhou para mim.

— Você está bem, Pandora?

— Eu estou sim, Rumpel, obrigada.

— Eu cuido deste aqui. Vamos — Enquanto o Zelador o puxava para fora da sala, Dante mantinha seu olhar fixo aos meus.

— O LOBO QUE RASTEJA TE OBSERVA! O LOBO QUE RASTEJA TE ENGOLIRÁ, O LOBO ENTERRA E PROSPERA! — Gritava com olhos esbugalhados, transformando seu sorriso em uma expressão perturbadora. — EU AINDA VOU TE MATAR, PANDORA!

— Boa sorte, moleque — Disse a ele, mas já estava distante. Me aproximei de seu desenho colado na parede. Em baixo dele, o rabisco do lobo, em giz branco nos tijolos. Passei a mão pelo giz e o apaguei.

II - Rebelião dos IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now