ATO 18

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Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre.

Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre

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     O salão em que estávamos era espetacular. Nunca tinha visto nada parecido, a não ser em filmes medievais e livros de época. Havia uma extensa escadaria no centro e o piso de azulejos branco, bem polidos, refletia as paredes bronze dos quatro cantos.

Pilares com detalhes em madeira envernizados, esculpiam desenhos de animais e sustentavam o grande hall da mansão.

Pedestais de velas douradas decoravam ambos os cantos da escadaria. Um tapete vermelho, começando onde nossos pés pisavam até o topo, cobria o centro dos degraus, nos levando ao segundo piso.

Olhando para os lados, podíamos ver estatuas de pedra de cavaleiros ricos em detalhes, segurando na mão esquerda um escudo que ocupava metade de seus corpos, e na direita, uma espada.

Os irrecuperáveis estavam ali, olhando em todas as direções, vislumbrados com a grandiosidade do lugar. Rumpel não apareceu para nos instruir. Estávamos por nossa conta e risco.

Tomei a iniciativa, subindo a escadaria em direção ao segundo piso, onde seis portas encerravam o fim do hall. Seis portas grandes de metal, com mais de três metros de altura. O restante do pessoal veio logo atrás de mim.

— Não vamos nos separar. Continuaremos em grupo — Afirmou Patrick, olhando para os Freaks. Mavis concordou com um aceno, encarando uma das portas. Aos poucos, todos formavam pequenos grupos em frente das portas. Escolhemos a primeira delas, que se abriu automaticamente quando nos aproximamos. Petúnia e Dayse foram conosco, o restante dos participantes seguiram entradas diferentes.

Nosso destino nos levou a um vasto corredor. Do outro lado, a próxima porta parecia pequena, longe. As paredes eram cinzas e o chão, coberto por um carpete verde escuro. A pouca luz produzida por velas na parte superior das paredes deixava o ambiente claustrofóbico.

— Isso está muito estranho — Sussurrou Claire — Não estou gostando nenhum pouco.

— Baseia-se em nossos medos, Claire. Não sabemos de quem, mas com certeza são cenários inspirados em coisas que tememos — Respondeu Alisson. Os passos se apressaram ao notarmos que quanto mais avançávamos para a porta no final, mais distante ela ficava.

Repentinamente, ouvimos um grito atrás de nós.

Ao virarmos, Dayse, a bailarina estava sendo puxada para o lado. Mas não era por ninguém do grupo. Uma mão acinzentada saía da parede de encontro com ela e a puxava para dentro do concreto. Por alguns segundos a parede solida ficou gelatinosa. Não foi apenas uma mão que saiu de lá. Rostos sem expressões emergiam de todos os cantos, tentando se desprender da parede, emitindo urros abafados e grotescos.

— CORRAM! — Gritei. E disparamos o mais rápido que podíamos, esticando as pernas, apavorados. E outro grito surgiu. Era Lara, sendo puxada para baixo, por outra das mãos cinzentas. Ambas as vítimas desapareceram dali. Sugadas para o nada.

As velas foram se apagando gradativamente conforme corríamos. Consegui desviar dos braços abaixando a cabeça e muitas das vezes saltando.

Petúnia também foi pega e puxada para baixo. Quando escutei seu grito, dei meia volta e corri em sua direção.

— Petúnia! Segure minha mão! — Ordenei me jogando no chão perto dela. Estava afundando lentamente, mas conseguiu impulso para frente quando segurei sua mão e a puxei. Patrick veio ao meu encontro e me segurou pelas costas, Alisson e Mavis também retornaram para ajudar. Todos me puxaram junto com Petúnia, até desprende-la do chão.

Petúnia se levantou rapidamente e voltamos a correr para a saída do corredor. Os rostos das paredes começaram a desaparecer. A única parte que ainda estava iluminada era a saída, o restante fora engolido pela penumbra. Patrick alcançou a porta e a abriu com um baque.

Perdemos Dayse e Lara.

— Obrigada... Pancada — Agradeceu Petúnia, ofegante.

— Sei que faria o mesmo por mim — Respondi sem encara-la.

A porta seguinte dava a um local que não parecia dar continuidade à mansão. Era dentro de uma sala velha e fria. A temperatura mudara radicalmente. Permanecemos em silencio, observando atentamente o novo ambiente.

O local possuía três cômodos. Uma cozinha, um quarto e uma sala. Nela, tudo era velho, repleto de poeira e teias de aranha. A cozinha, infestada de insetos na pia e na pequena mesa de jantar. Ali, uma refeição que parecia nunca provada, com pedaços de carne escura, de manchas brancas, onde larvas amareladas e viscosas rastejavam em cima.

Baratas corriam em todas as direções pelas paredes. Passamos longe. Atrás de nós, a porta em que entramos desaparecera. O frio se intensificava lá fora. Nenhum dos cômodos possuíam janelas, mas via-se uma porta na sala, que nos levaria para a parte externa. Na sala, havia uma cabeça de alce pendurada em um canto, acima do sofá vinho, rasgado, de dois lugares. Uma vitrola aos pedaços estava jogada perto de uma televisão de tubo, com botões bege e enferrujados.

A lareira, apagada não possuía nenhuma madeira para acendermos o fogo. No lugar, tinha uma pilha de ossos de diversos tamanhos.

— Pessoal, achei casacos aqui no quarto — Anunciou Mavis, trazendo algumas peças de roupas no ombro.

— Menos mal. Temos que sair daqui logo, esse lugar está me dando náuseas — Respondeu Alisson.

— Coitada da Lara... mal a vimos desaparecer naquele maldito corredor — Lamentou Claire enquanto vestia um casaco felpudo branco.

— Vão haver mais oportunidades para ela em outras disputas, não se preocupem — Confortei todos. Patrick se aproximou da porta e na sequencia olhou para nós, trajados e aquecidos. Demos um sinal positivo com a cabeça e ele abriu a porta.

O que vimos além, nos preocupou. Já que não era uma simples ventania lá fora, e sim, uma tempestade de neve. Saindo da cabana, notamos estar no topo de uma montanha. Tudo em nossa volta era coberto por grandes camadas de gelo.

 Tudo em nossa volta era coberto por grandes camadas de gelo

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II - Rebelião dos IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now