Ella tocava

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   Tocava a vida como quem tocava guitarra, ou ao menos, tentava. Mesmo que destrambelhada, sem acordes certos, notas fortes ou destreza, Ella ainda tentava.


   Sua inflexibilidade era tamanha, sua vida se assemelhava às cordas abafadas. Algo parecia errado, e que atrapalha todo o conjunto, ela nem sequer tinha a certeza de qual seria seu maior erro, mas estava disposta a tentar consertá-lo, ela queria o fazer.

   Ella queria acertar na sua vida também. Mas isso talvez não se tratasse de apenas uma corda, talvez a linha que se estendesse sobre isso seja maior do que o imaginável. Mas ela tentaria.

    Ella sabia que a vida de ninguém era fácil, e que todos eram tão fascinados com o acaso, de que a grama do vizinho é mais verde, e as flores também mais vivas, mas o que ela queria dizer para todos eles é que aquilo não passa de impressões, que de fato, devem ser corrigidas.

   A vida é um teatro, ou seria um palco? Onde cada um de nós somos instrumentos, tentando soar bem na vida, tentando ser tocados ao vento, para nos propagar e poder dizer nossas mensagens entre melodias, que nem sempre são belas, nem sempre são felizes, mas também nem sempre tão sombrias hão de ser.

   O fato é, cada um de nós queremos deixar a nossa marca, nossa voz, nossa melodia.

   Queremos ser a música e ao mesmo tempo a poesia, mesmo sendo a tragédia rimada ou o amor sofrido, queremos ser a aquarela pintada transformada em um sorriso.

  Ella sendo assim, não se contentava em desistir. Ela sempre seguia em diante, seus erros eram muitos, mas mesmo assim, ela persistia em seguir a avante. E ela irá, e você também, se preferir.

   A melodia da vida se molda melhor com o tempo, e só você pode dar o tom da sua.

Inesperado Where stories live. Discover now