Ella acalentou

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   Ella acalentou as noites, antes que virassem dias. Fez chover esperança na escuridão para viver a poesia. Ela sentia medo do escuro e também da quietude que a solidão podia trazer, e ela não queria deixar isso se alastrar, propagar, fazer moradia em seu peito, de jeito algum deixar isso acontecer.

   Ela queria versos, queria estrofes, queria canções, queria prosas, queria o conjunto, mas também a unidade, queria ouvir letra por letra, queria ouvir a saudade. Ella queria ouvir tudo, menos o nada. Queria ondas sonoras calmas, ou até o agito do ambiente preenchendo seu interior, a música ela queria ouvir e deixar entrar, não só em seus ouvidos, mas também no seu lar peculiar, chamado: peito, coração... Bem-dito também como: o cômodo principal de todo o lugar para se alojar uma boa canção.

  Nem mesmo quando estava acompanhada, ela sentia-se assim. A solidão a devorava mesmo com plateia, da mesma maneira que fazia quando estava sozinha em combustão.

A solidão parecia ser a sua única companhia muitas vezes.

  Não todas, no entanto. E ela queria propagar esses intervalos.

O estar sozinha não fazia alusão à realmente se sentir assim, e ela sabia.

  De longe ela tinha apegos; pessoas, coisas, lugares, festejos. Queria ela parar de frente ao mar e refletir, sem pensar em terceiros atrapalhando ou o sol a queimando, ela queria apenas a escuridão brindada pela lua em seu beijo com o mar no momento.

  Ela queria ver outros olhos, andar por novos lugares, se instalar em alguns outros abraços, e com outras bocas se esbarrar para um confronto amigável chamado: debate.

  Ella desejava discutir novos temas, e aprender a fazer novas coisas.

  Ella queria sair do esquema para montar um novo dilema, ajustar sua nova opinião e ser cada vez mera essência. De tantas vezes poder mudar de opinião e a moldar da melhor forma. Se aperfeiçoar. Se aprimorar. Se melhorar. Se realçar. Se amar. Para assim poder transbordar... De amor.

Inesperado Where stories live. Discover now