Ella costumou imaginar

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   Ella sentia-se como um balão sempre que se decepcionava com alguém, como se as ações decepcionantes fossem cactos que a espetavam e tiravam todo seu ar, a fazendo explodir mesmo sem ela esperar. E ela como borracha tentava se emendar, pôr algo na ferida pela qual não quer dizer, mas que sempre esteve a machucar. A torturar, e também marcar para toda sua vida, por mais que o buraco seja menor, fragmentos ainda poderão a lembrar e de fato a consumar.

   Ela queria ser categórica, mas isso não fazia e nem nunca fizera parte de suas qualidades, como um todo ela era a confusão refletida nessa torta sociedade. Ella tinha muito medo de machucar alguém mas seu medo maior era saber que isso poderia em qualquer momento acontecer... E o oposto também, de tudo virar para o lado dela e a parte machucada novamente ser parte dela como outras milhares de vezes.

    Se talvez todos tivessem medo de machucar, menos pessoas seriam realmente feridas, talvez a proporção fosse significativa mas também gradativa, no qual as palavras certas sempre podem abafar, e sobrepôr qualquer ferimento, acalentá-lo com um suspiro de admiração mas também um adeus de "Foi bom, embora tais situações..."

   Nem toda ferida tem que ser exposta, eterna e angustiante, muitas delas poderiam ser tratadas com cuidado e assim, significativamente curada. Nossas feridas, antes abertas, fechadas podem estar. São apenas cicatrizes de erros que novamente não irão se repetir, embora também não vão cessar.

   Nossas cicatrizes são partes de nós, não como um prêmio, mas como uma parte da nossa história. E quanto mais história para contar, mais ensinamentos iremos passar. E que sejam bons, onde antes eram dores, e agora se tornem gargalhadas por estar a lembrar.

   Afinal de contas, se cada um possuem falhas, porque isso irá, de fato, nos aterrorizar?

Inesperado Where stories live. Discover now