Ella suportou mais

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   Ella amava estar sóbria em suas amargas ou doces lembranças, amava a sensação de estar no controle das suas ações na mesma medida que suas palavras e reações.

   Mas tinha sempre a fronteira entre o suportável e o dispensável. E ela queria super dispensar, com todas as letras, todas as palavras, mas ela estava num momento de exaustão... Então bravamente ela escutou, mais do que suportava, mais do que deveria, muito mais que o necessário.

Ella suportou mais.

   Mais do que achava conseguir, mesmo havendo palavras que lhe embrulhavam o estômago e o odor que emanava de álcool tentando a embebedar, entorpecer, tontear, querer vomitar, se afastar.

   Ela ouviu palavras cuspidas, da boca para fora enchutadas, e Ella tinha a total precisão de responder aquilo que aparentemente ela estava sendo acusada, forçada, obrigada a ouvir.

    Suas mãos estavam sendo seguradas, e seus olhos continham coisas que ela era forte demais para vozear ao ar livre. Ninguém estava na rua, no momento desse bêbado deslize, tudo que Ella ouviu, ela respondeu.

   No momento não tinha medo, dor de cabeça que a impedisse de ser amarga pelas mesmas palavras falsas que lhe eram cochichadas. Mesmo que ninguém as ouvisse, ela gravou-lhe em pensamento, da mesma forma que gravou o cheiro e a ânsia do elemento chamado garrafa de álcool em sua mente.

   Ella detestava aquilo tudo, mas ao amanhecer ela lembraria, o indevido figurante provavelmente não. Ella só queria lembrar que ela era a única protagonista da sua própria história, e isso era o que realmente importava nessas horas.

Inesperado Where stories live. Discover now