III - Um Caminho até Paris

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O quarto era bastante pequeno. Todo decorado em tons verde e branco, com um pequeno lustre de três lâmpadas pendurado sob o teto baixo. Me perdi um pouco enquanto Veronicca falava, pensando se conseguiria toca-lo subindo em cima da cama.

-Você ao menos está prestando atenção? – perguntou ela, quando percebeu que suas palavras estavam sendo apenas jogadas ao vento como as plumas de um travesseiro.

-Desculpe, eu... – respirei fundo, não é como se eu fosse uma boa mentirosa, ou como se uma mulher que trabalhava para a rainha não soubesse farejar o cheiro de uma mentira. Quer dizer, ela morava no palácio. E não foi poucas vezes que eu ouvi Marian falando para Isis que, se ela quisesse se tornar uma rainha, deveria aprender a identificar quem estava mentindo – Não.

Esperei pelo sermão eminente, mas ela apenas sorriu de uma forma cansada – Sei que deve ter sido um longo dia para você Bethany, e que não escolheu nada disso. Eu também não escolhi quando fui levada para o castelo, mas é uma grande oportunidade, então espero que saiba aproveita-la. Conhecerá Duques e Lordes nas festas, viverá no castelo uma vida com qual milhares de garotas em toda a Eurásia sonham. E quando chegar a hora se for esperta o bastante, e provar seu potencial, pode conseguir um bom casamento ou um bom trabalho, como o meu. Entende isso?

-Entendo – concordei, mesmo que tudo ainda fosse uma nuvem de dúvidas para mim, por que eu estava cansada demais para ficar ouvindo respostas que poderiam vir mais tarde.

-Bom – ela sorriu de novo – Agora, vá descansar. E como eu dizia antes, não tente fugir, os guardas farão turnos na recepção para garantir nossa segurança.

E para garantir que eu não saísse dali, eu quis acrescentar. Mas não o fiz. Eu estava cansada demais para fugir, e, de qualquer forma, para onde eu iria? Eu nem sequer sabia em que cidade eu estava. Em que país eu estava!

Fiquei com pena dos guardas que ficariam se revezando, mas por fim me conformei que Veronicca era alguém importante, para falar do seu cargo com tanta veemência, e que eles ficariam de guarda de qualquer jeito.

Eu esperava pegar no sono assim que deitasse no travesseiro, mas não foi o que aconteceu. Fiquei imaginando onde estariam Marsella e Jane, a caminho de Beja, junto com Luiggi. Não pude deixar de pensar que seria estranho para ele, que por quinze anos foi filho único, de repente ter de conviver com uma garotinha de nove que sempre foi cercada de irmãos e irmãs.

Eu lembrava de Luiggi e do seu pai andando pela cidade. O Senhor Frade tinha terras longe dali, e mantinha pessoas trabalhando para ele, vivendo do lucro dessas terras. O que aconteceria com essas pessoas? Os tios de Luigi seguiriam mantendo seus empregos e obteriam os lucros para ajudar a criar o sobrinho, ou simplesmente abandonariam as terras e deixariam as pessoas que dependiam delas desempregadas?

Respirei fundo, me sentando na cama e jogando um dos travesseiros do outro lado do quarto. Eu estava pensando demais nos problemas dos outros, como se minha vida não estivesse complicada o suficiente por um dia só.

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now