XXV - Inglês

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Quando eu o ouvi me chamando, eu percebi que não devia a primeira vez que o havia feito

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Quando eu o ouvi me chamando, eu percebi que não devia a primeira vez que o havia feito. Eu não o conhecia, percebi, encarando o homem em minha frente. Eu não sabia seu nome, mas de alguma forma ele sabia o meu - é claro que sabia, algo na minha mente me lembrou, eu era uma musa não era?

O estranho estava em um ângulo estranho, que se alterava enquanto ele se inclinava em minha direção, ajoelhando-se sobre uma das penas. Não, era eu quem estava em um ângulo estranho. Deitada, com a escada fria contra minha bochecha. Deitada, com as mãos frouxas sobre os ouvidos, encolhida, tremendo e - percebi - cantarolando. Meu cabelo, antes tão perfeito, havia caído em ondas pegajosas em volta de meu rosto choroso, ombros e pescoço suados e expostos pelo tecido arrebentado do vestido.

-Você deve ser a Bethany, estou certo? - ele me ajudou quando sofregamente tentei me sentar nas escadas, com um sorriso gentil. Assenti, sem confiar o bastante na minha voz para falar - Estão todos procurando por você há quase uma hora inteira, sabia?

Pisquei, tentando entender aquelas palavras em um sotaque novo. Procurando por mim? As imagens se formaram em minha cabeça outra vez, ligadas a palavras e sons, uns atrás dos outros, como se na inconsciência daquela escada tudo tivesse se bloqueado e voltasse agora. Festa. Fox. Fogos. Senti um batimento do meu coração falhar, e o ar começou a ficar pesado, como se sem nem sequer saber o motivo daquela reação eu pudesse voltar a chorar naquele exato minuto.

-Você está bem? - ele pareceu confuso, tirando um lenço do bolso do terno e o oferecendo para mim.

-Não sei o que está havendo comigo, me desculpe - respirei fundo, pegando o lenço e passando no rosto, sentido a maquiagem grudenta se misturar em uma bagunça ainda maio em mim. Eu devia estar horrível.

Aquilo me fez rir. Ele me olhou ainda mais confuso, enquanto eu absorvia o absurdo dos meus próprios pensamentos. - Sempre ouvi que garotas francesas tinham temperamentos fluidos, mas você é de fato surpreendente senhorita Bethany.

-Me desculpe senhor, é só que... - tomei fôlego por um minuto, antes de continuar - Há alguns meses, eu nem sequer havia passado batom nos lábios, e agora estou aqui preocupada com a minha maquiagem depois de ter...

-Fugido de uma festa real sem nenhuma explicação? - ele franziu a testa, muito pensativo - Me parece uma preocupação plausível. Mas se me permite - ele pegou o lenço de volta da minha mão, passando-o em minhas bochechas - Não tem motivo para se preocupar com sua aparência, senhorita. Imagino que seja preciso mais do que algumas lágrimas para invalidar a beleza de uma das famosas musas de Paris.

Revirei os olhos, enquanto ele se levantava e erguia a mão para me ajudar a fazer o mesmo. Apenas ali, em pé, frente a frente a ele, foi que pela primeira vez realmente o observei. Os cabelos eram cor de mel, ondulados até a altura do queixo musculoso, batendo na ponta dos ombros largos. O meu ajudante, tinha olhos verdes pálidos e lábios grossos rodeados com uma barba rala, e no centro do rosto, um nariz que parecia já ter sido quebrado antes. Ele era lindo.

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now