VII - Gatos Negros e Segredos

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A primeira coisa que senti foram meus pés

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A primeira coisa que senti foram meus pés. Doíam como se um trem tivesse passado por cima deles, eu sentia perfeitamente onde as tiras da sandália haviam me apertado na noite anterior. Sentia no meu calcanhar a dor da pressão de apoiar meu corpo sobre aqueles saltos finos. Sentia por toda a extensão das minhas pernas um fincão terrível.

E então, veio à dor de cabeça. Meu cérebro estava estourando, e quando abri os olhos á luz do quarto, refletida por todos os espelhos, só a fez latejar ainda mais.

Alguém riu.

-Você está péssima – abri um olho, vendo Isabel sentada a alguns metros de mim, lendo uma revista despreocupadamente – Bem pior do que as outras.

-Outras? – perguntei, mas ela pareceu não ouvir. Ou fingir não ouvir – O que está fazendo aqui?

-Alicia me colocou de babá por que tinha "muito que fazer" – ela revirou os olhos – Não pense que estou aqui por que me importo com o que acontece com você, Suíça. Mas você precisa tomar uma colher desse negócio a cada duas horas!

Ela estendeu a longa perna, apontando para o criado mudo ao lado da cama. Um frasco de xarope e uma colher estavam ali, assim como um bilhete de Alicia.

"Desculpe por te deixar com ela, volto logo. Tome o remédio e coma alguma coisa. Venho as sete – Alicia".

-Eu não me importo se você quiser ir embora – falei, olhando para Isabel mexia em seus próprios cabelos olhando em um dos espelhos. – Não é como se eu de fato apreciasse sua presença.

-Ah, pobre de mim, a Bethany não me ama – ela dramatizou, jogando as pernas sobre o braço do sofá e o corpo para trás sobre o outro – O que eu farei agora? Não me importarei nem um pouco?

-Por que você é assim? – perguntei. Minha cabeça estava ardendo, meus pés pareciam inertes e meu corpo estava prestes a cair na cama de volta, eu não estava com humor para aquilo – Você é cruel comigo desde que eu cheguei aqui. O que eu fiz para você?

-Por favor, pare de agir como se fosse tudo sobre você, certo? Eu sou assim com todos – ela revirou os olhos – Então me desculpe Bethany, por não ser um cachorrinho babando em você como todos os outros. Você pode achar que estar no palácio é um conto de fadas, mas essa é a vida real. Eu não vou ser a primeira pessoa a ser um pouco cruel, na verdade, talvez eu seja a única a ser apenas um pouco, então pare de se fazer de coitada.

-Me fazer de coitada? – grunhi, arregalando os olhos, ela tinha que estar brincando – Eu estou confusa. Minha família morreu, e eu...

-E você está tão perdida nesse mundo novo e estranho, e só quer se encaixar – Isabel completou cheia de sarcasmo – Uma novidade para você, todas já aqui já passaram por isso. Outra novidade? Alguns de nós tinham famílias de verdade!

Aquilo doeu. Doeu mesmo, de verdade, de uma forma que eu não devia ter deixado ela me atingir. Ela saiu do quarto batendo os sapatos de salto. Meus pés latejavam ao som de cada passo, como ela conseguia passar o dia inteiro com aqueles sapatos?

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now