Två • Dirty laundry

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Como surpresas indesejadas pela noite, Joan abria a porta dos fundos de madrugada para dar de cara com o namorado.

– A próxima vez que você me matar do coração eu te deixo do lado de fora morrendo de frio – ela resmungou, dando espaço para que ele entrasse na casa.

No, you don't. – Elias esfregou uma mão na outra, adentrando a cozinha aquecida da casa dos Brant.

– Tá frio pra porra pra me acordar no meio da noite, Elias. – Joan trancou a porta e foi atrás do seu bule, coador e pó de café para fazer um pouco de café.

Seu pai era viciado em café e ensinou os filhos desde cedo como fazer um de verdade, aquele que era passado pelo coador e não saía de máquinas.

– Eu sabia que você ia me dar uma bronca – ele soltou uma risada de escárnio. – Me desculpa por isso, mas a gente se empolgou no Fifa17.

– Aham. – Ela balançou a cabeça, enchendo o bule com água da torneira quando ele se aproximou por trás.

Colocou as mãos na cintura dela e beijou seu pescoço, o suficiente para ela se soltar dele e pôr o bule no fogão. Encostou-se na bancada que havia ali e observou enquanto ela se movimentava pelo cômodo, pegando uma garrafa onde colocou o coador em cima e jogou o pó de café. Joan cruzou os braços, de costas para ele ainda, e esperou que a água fervesse.

Silêncio.

Elias odiava silêncio, tanto quanto detestava saber que ela estava brava. Mas de alguma forma, ele precisava vê-la, mesmo estando ciente que ir para a sua casa seria mil vezes melhor do que encarar o furacão que era Joan Brant puta, porque estava frio e porque ele a acordou de seu precioso sono.

– Jo... – ele tentou novamente. Suas mãos estavam afundadas nos bolsos do casaco, o corpo já se acostumando com a temperatura agradável. – Eu queria te ver, senti saudades.

– De mim ou de jogar videogame até de madrugada com os meninos? – resmungou, se abraçando por estar vestindo apenas a blusa de pijama e um short qualquer, as meias nos pés e chinelo.

Ele fechou os olhos com um pouco de força, estava acontecendo. Lembrava de ter enviado uma mensagem de que iria vê-la a noite, já que não tinha jogo naquele dia e eles tinham perdido fora de casa na noite anterior. O treino tinha sido pesado de manhã, aproveitou para descansar de tarde e em algum momento ele se perdeu em seu próprio roteiro. Como tinha parado no apartamento de Joakim ainda era um mistério.

Queria dizer que não tinha esquecido, mas quando parava para se colocar no lugar dela era bem isso que piscava em sua mente: ele tinha se esquecido, mas não dela, tinha se esquecido da hora.

Joan olhou para o rosto dele quando desligou o fogo, virando-se novamente para passar o café.

– Nem você sabe. – Ela deu de ombros.

– É claro que eu senti saudades de você, Joan. Eu só... perdi a hora – respondeu.

– Eu só não te mando sair da minha casa agora porque tá frio lá fora – terminou e pegou duas canecas, servindo café para os dois e lhe entregando uma em seguida. – E porque eu senti saudade, é óbvio já que eu mandei 300 mensagens assim.

– Sentiu saudade e ainda tá com a muralha da China erguida contra mim – brincou, assoprando o líquido escuro na sua caneca do Batman.

– Eu ainda tô brava, Elias, porque fui idiota o suficiente pra te esperar pro jantar. – Ela sorriu, como se gozasse da própria cara.

– Droga, pro jantar? Seu pai? – Elias perguntou alarmado.

– Tá tudo bem, só não diga a ele que trocou a filha dele por Fifa. – Tomou um pouco do café, revirando os olhos.

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