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Existiam coisas sobre Elias Lindholm que poucas pessoas sabiam. Não porque ele era uma pessoa fechada, talvez um pouco reservada, mas às vezes precisava admitir que tinha receio em ser julgado.

Estava acostumado a isso, no entanto, já que era julgado cada vez que colocava os pés no gelo. Ele mesmo o fazia, então não era de fato o problema. O problema estava na pessoa que ele mostrava ser, não era uma pessoa ruim, mas ficou um pouco incomodado quando Joan, alguém de importância na sua vida, descobriu que ele adorava se gabar sobre coisas que ele não era.

Em terras americanas não tirou carta na primeira vez que tentou, porém – por pura vergonha –, mentiu. Fácil para alguém como eu, ainda adicionou.

Mentiu sobre não saber todas as letras das músicas do Justin Bieber e mentiu sobre sua perfeita saúde quando ele não aguentava mais fazer nada e teoricamente ajudar os funcionários da PNC Arena. E aquele assunto fora levantado pela sua namorada e aquilo tinha incomodado ele de uma forma que nunca tinha parado para pensar antes, foi essa situação que o fez mudar um pouquinho seu ponto de vista. Porque ele tinha ideia de que ela não iria dizer isso com todas as palavras, mas ela não aceitava mentiras, ainda mais quando um relacionamento era construído com confiança.

Portanto, Elias demorou demais a perceber que dia 13 havia chegado e que aquele dia tinha uma certa relevância. Acordou já sentindo que estava se esquecendo de algo, mas quando a sua ficha caiu e conseguiu planejar algo decente na sua cabeça, temeu pela sua vida porque ele teria que fazer algo que Joan odiava para aquilo dar certo: ele teria que mentir.

...

Seria uma manhã comum, se não fosse 13 de março.

Joan levantou da cama pensando em manter a rotina, ir pra academia, almoçar junto ao namorado e com ele planejar como seria o dia deles, já que estavam completando 1 mês de namoro. Sem contar os meses de pura enrolação, já eram mais de 4 meses de convivência.

Não era a primeira vez que isso acontecera na vida da tenista, mas ainda se sentia quebrando um tabu ao lidar com a forma como ambos estavam juntos há pouco tempo, porém a sensação era que já estavam juntos há milênios. Aquele tipo de pensamento a fazia refletir sobre a possibilidade de acreditar não só em Deus, mas em destino, Akai Ito, Maktub... Vida.

Então, antes que enlouquecesse, pegou suas coisas após tomar o café da manhã e foi para a academia do clube, aquele horário era suposto que Elias fosse malhar com ela. Contudo, Joan recebeu uma mensagem assim que chegou, dizendo que o namorado iria fazer uma visita ao Durham Bulls Athletic Park com alguns amigos, Jeff Skinner incluso, e voltaria no início da tarde. Tudo bem, ela pensou. Mesmo sabendo que baseball não era lá o esporte que Elias gostava de jogar ou assistir. Talvez estivesse no cronograma do time levar alguns jogadores para conhecer os Durham Bulls.

Brant fez seus exercícios sozinha, saindo encharcada de suor da academia e indo direto para casa. A sua preparação agora estava toda concentrada em Roland Garros, que aconteceria no final de maio e metade de junho. Um torneio importante de tênis em escala mundial, vencendo o Roland Garros ela poderia até pensar em conquistar os quatro Grand Slams do ano, já que venceu o Australian Open em janeiro, e ter o seu nome relacionado a outros grandes por ser algo muito raro no esporte era seu grande sonho.

O título denominado como Grand Slam fora dado para os 4 torneios principais de tênis que acontecia durante o ano: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e, por fim, US Open. Roger Federer era um grande nome com o maior número de Slams, e outro nome muito citado atualmente no tênis feminino era o de Serena Williams. E enquanto a ídola já havia ganhado 23 grand slams, Joan corria atrás do seu quarto.

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