Sex • Tacos

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Detroit Red Wings versus Carolina Hurricanes. 27 de março. Em casa.

Todos estavam ainda tão animados com a possibilidade de Carolina chegar aos playoffs que aquele dia não só Joan Brant tinha ido a PNC Arena, como sua família inteira também estava ali.

E dessa vez ela tentava calar a boca do irmão sobre ser a famosa pé frio, já que John ainda não havia superado a primeira vez que tinha levado a irmã para assistir um jogo de hockey. Então, logo no primeiro período, foi Jeff Skinner que fez o primeiro gol aos 14:45, depois disso o jogo estava tão equilibrado que os gols só voltaram na metade do segundo período, quando Mantha empatou. Foi quando Red Wings virou o jogo e o filho mais velho dos Brant-Oliveira fechou a cara.

– É você, Jo! É você. – Balançou a cabeça como se estivesse realmente ofendido e Joan ficou boquiaberta com a afronta.

– No máximo é eu e você juntos, Johnny, porque das últimas vezes que vim sozinha o meu time venceu – rebateu e os dois ficaram se encarando, ainda como se tivessem 5 anos de idade.

– Crianças, sei que adoram passar vergonha em público, mas o jogo já voltou – o pai anunciou e os olhos escuros de ambos se voltaram para a pista de gelo.

A tensão estava grande quando Skinner equilibrou o placar novamente nos últimos segundos do período.

– Vamos virar esse jogo! – Joan batia palma e gritava, ainda tinha o terceiro período e ela estava confiante, como a fiel torcedora que havia se tornado.

Então o terceiro período veio e os ataques cardíacos vieram incluso no pacote, ainda mais quando Detroit virou de novo, e dessa vez os irmãos começaram a recorrer a pedidos a todos os deuses existentes, enquanto Jonas assistia sentado e compenetrado ao lado de Tessa, apelido de Teresa, que ainda tentava entender alguma coisa do jogo e sempre perguntava algo ao marido. Até a matriarca estava se rendendo ao esporte.

Skinner quase conseguiu um hat trick e a torcida foi a loucura, mesmo que o puck não tenha passado pela linha do gol, a euforia voltando a correr pelas veias, até que o empate veio nos últimos segundos do terceiro período e todo mundo conseguiu respirar aliviado.

Diante do empate haveria um overtime? Sim, porém era mais uma chance para Canes levar aquele jogo.

Mas o OT também não foi fácil, foram vários gols perdidos para, então, Andreas Athanasiou marcar para os Red Wings aos 1:59, o que significou não só a cova cavada para Carolina Hurricanes, como também foi um lance brutal que deixou Eddie Läck, o goleiro, caído sobre o gelo por incontáveis minutos de pura agonia.

O jogo já tinha sido dado como terminado, mas por causa da força com que o jogador do time adversário bateu de mal jeito no goleiro, foi o suficiente para mantê-lo jogado no chão até que alguém viesse ver o que estava acontecendo e ali todos sabiam: não estava nada bem. A jogada passou novamente no telão e o choque foi geral, a comoção também.

Joan já estava com as lágrimas caindo de desespero ao ouvir os sticks sendo batidos na barreira e no gelo, os jogadores se aproximando do corpo de um dos melhores amigos de Elias, que ainda permanecia imóvel no mesmo lugar. A equipe médica já tinha chegado, a maca veio logo em seguida e as orações imediatamente passaram a serem feitas. Hockey era um esporte violento, todos sabiam, mas ainda assim não era sempre que algo do tipo acontecia. De longe o namorado parecia controlado e silencioso, observando tudo o que acontecia com o amigo, e por isso ela chorava ainda mais. Se fosse Elias ali jogado no chão ela já teria provavelmente infartado, não tinha coração, psicológico e muito menos emocional para cenas como aquela.

Sua mãe a abraçou, tentando dar apoio a ela e dizendo baixinho que Eddie iria ficar bem. Ele estava vivo afinal, o que foi comprovado quando ele deu joinha ao sair carregado na maca da pista direto para o hospital de Raleigh.

HurricaneWhere stories live. Discover now