Nio • Losing Sleep

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– Furacão?

Furacão.

Era uma palavra que às vezes dava calafrios em Joan, ainda mais quando significava aquele que se formava no oceano Atlântico e chegava ao continente destruindo tudo o que tinha pela frente: plantações, casas, pessoas.

– Se tiver que atingir, ele vai atingir – respondeu, tomando um gole da sua cerveja.

Ela e Oliver – seu cunhado – estavam sentados na grande mesa que tinha no quintal em Gävle, na Suécia, conversavam enquanto Elias estava treinando na pista de gelo da cidade. Na verdade, aquela altura do dia estavam os dois se embebedando e brincando de How do you deal with. Não que essa brincadeira existisse, mas caso não, eles tinham acabado de inventar.

– Bom, isso não responde a pergunta. – Oliver sorriu, estava sentado de frente a Joan e tinha a garrafa de cerveja bem próxima a boca quando ela o encarou com os olhos semicerrados.

– Você não lida com um fenômeno natural, Oli. Não é algo que dê para controlar, a gente vê a previsão na televisão e tenta se preparar para o pior. Às vezes ele chega forte, às vezes ele chega fraco, e se tivermos sorte, às vezes ele nem chega. E de verdade, não adianta surtar, gritar, chorar. Depois que você tenta se proteger, só te resta rezar pra passar logo, sentar e esperar – explicou.

A tenista já tinha passado pelo fenômeno natural algumas vezes em suas duas décadas de vida e quando era mais nova ela achava a coisa mais legal do mundo, como uma criança sem noção que fora um dia, era adrenalina pura correr contra o tempo e observar aquilo tudo, desafiando o furacão a fazer o seu pior. Depois que cresceu ela passou a surtar e hoje em dia, ela só senta e espera tomando chazinho, depois de colocar tábuas por toda a casa e sair da área de risco. Não era como se estivesse acostumada, porque era impossível se acostumar àquilo, mas ela estava ciente que não adiantaria qualquer coisa que fizesse. Afinal, não era a Tempestade do X-men e muito menos tinha algum poder sobrenatural para controlar a natureza.

– Entendi. – Balançou a cabeça, sem tirar os olhos dela, quando ela terminou a sua garrafa e deixou sobre a mesa junto com as outras seis. – Elias är en sådan lycklig bastard.

Quê? – franziu a testa, entendendo só o nome do namorado e Oliver juntou a sua garrafa as outras, se levantando e indo buscar mais cerveja para os dois.

– Ele tá demorando...

Mas ela sabia, não era isso que ele quis dizer.

...

Depois da viagem para a Holanda, Joan e Elias tiveram mais alguns dias juntos antes dele pegar o avião para casa, na Suécia, antes da Páscoa. Tinha sido um pouco doloroso para os dois, já que o jogador ficaria fora de territórios norte-americanos até setembro, quando ele voltaria para a preseason. Mas a boa notícia era que ele estaria jogando pela Suécia no Campeonato Mundial de Hockey realizado pela IIHF, onde os jogos ocorreriam em Colônia (Alemanha) e Paris (França). O que foi tecnicamente bom porque em maio a tenista teria as classificações para o Roland Garros, em Paris.

Porém, poucos dias depois que Elias voou de volta para a Suécia, Joan arrumou as malas e embarcou para a Itália, fazendo uma rápida parada antes de ir para a casa do namorado.

E Joan estava nervosa, já conhecia o cunhado, mas seus sogros ainda eram um mistério para ela. Claro que Elias já tinha falado muito bem sobre os seus pais e que eles iriam adorá-la, já que ela parecia ter algum dom para conquistar todos ao seu redor. No entanto, isso não impedia a tenista de pensar em mil teorias desnecessárias e recear não agradar o resto da família Lindholm.

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