Atta • Here to create

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Joan chegou ao local da gravação do comercial ainda cansada. Dormiu a viagem inteira, do tipo que se não tivesse escala ela teria dormido de Raleigh até Amsterdam. Ela não viu ou sentiu o avião decolar nas duas vezes, acordou só para comer e usar o banheiro. O básico para sobreviver. E quando chegou à Holanda já era quase de noite novamente e tudo que fez foi pedir comida, jogada no quarto do hotel e zapeando os canais até encontrar alguma coisa em inglês para passar a noite até encontrar o seu velho conhecido sono.

Quando a maquiadora a visse, provavelmente faria uma careta ao se deparar com o visual de morta que a tenista mantinha. Mas quem era ela para reclamar de algo?

Colocou o vestido da Adidas, fez maquiagem, cabelo, colocou o boné, já estava tudo preparado, pronto para que os atletas só chegassem e orquestrassem o que já lhe foram instruídos.

E Joan sabia lidar com a ansiedade, porém não estava pronta para lidar pessoalmente com o seu ex. Depois de 3 anos, era de se admirar que o seu estômago ainda revirasse de nervosismo só de estar no mesmo metro quadrado que aquele homem.

– Alguém pode me dizer com sinceridade se eu estou dourado? Da última vez que a Gemma me maquiou eu fiquei parecendo com alguém que pegou um bronze em Miami.

E foi dessa forma que a tenista quase abriu um sorriso, olhando em direção da voz um pouco rouca do jogador alemão, que estava pedindo uma opinião honesta a um dos auxiliares. Ficou alguns segundos só observando a testa franzida dele como se estivesse de fato querendo um espelho, quando os olhos azuis dele encontraram os dela e abriu um sorriso genuíno, com direito a aquelas ruguinhas no olhos e tudo mais.

Talvez tudo estivesse acontecendo lento demais na sua cabeça, mas quando ele abriu os braços e veio em sua direção, foi como se o mundo voltasse a rodar normalmente e ela caísse em si mesma. Era só Klaus Schëiger ali.

– Só assim pra eu ver a minha miúda! – disse dando uma pequena risada. – Faz um milhão de anos que não te vejo, não acredito que finalmente parou de fugir de mim.

– Como se eu estivesse fugindo de você – Joan respondeu em seu bom e velho português, antes de rolar os olhos e abraçar Klaus em seguida. – Deus, como eu te odeio. – Riu enquanto era abraçada com força.

– Não, você me ama. E está morrendo de saudades de mim. – Sorriu infantil.

– Com certeza! Dormia toda a noite pensando em você e isso é um fato incontestável. – Entrou na brincadeira.

– Você poderia ter me ligado. – Sorriu sugestivo. – Aliás, por onde você esteve por todos esses anos? Eu me senti sozinho boa parte do tempo. – Fez bico tentando se manter sério.

Joan deu de ombros e balançou a cabeça. – Bem, eu andei perdida, mas acho que fui encontrada alguns meses atrás. Tenho uma sina por jogadores...

– Eu ouvi falar. – Riu baixo, negando com a cabeça. – E eu estou feliz por você, mas não espere que eu pare de flertar contigo por isso. Sabe como é, pura força do hábito. – Piscou e abriu um sorriso mínimo de lado.

– É por isso que eu te odeio, você não facilita pra mim. – E ela mordeu o lábio para segurar o nunca que queria sair.

– Você sobrevive, miúda. É só um dia – Klaus mal terminou de falar e segurou a sua mão, puxando-a em direção para onde aconteceria a gravação.

– Até que enfim, hein – a diretora soltou um grito ao ver os dois mais esperados juntos, logo começando uma movimentação louca pelo local.

Ela olhou para os dedos dela entrelaçados aos dele e se lembrou de um passado não muito distante.

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