4. Justiça

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— Ainda não acredito que trouxe aquele garoto – disse Judith, envergonhada, enquanto as pessoas em volta se dispersavam

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— Ainda não acredito que trouxe aquele garoto – disse Judith, envergonhada, enquanto as pessoas em volta se dispersavam.

Yuri me esperava no carro, seus olhos estavam inchados e lembrei como tudo havia sido difícil para ele. O garoto chorou no meu ombro e não saiu de perto do caixão. De fato, o que ele sentia pelo meu filho era forte e parecia mais difícil para Judith aceitar isso do que para mim. Ela observou tudo com olhares julgadores e agora que não havia ninguém por perto havia puxado um cigarro e se deixava desabar um pouco.

— Sabe que ele é um dos motivos do Damien ter pulado daquela passarela, não sabe?

— Assim como nós dois – refutei. – Ele é apenas uma criança, acho que não tem noção do que fez.

— Como você é inocente, Jonas.

— Trabalho com esses jovens e conheço o Yuri. Como pode achar que ele fez algo de propósito depois de ver como agiu no enterro?

— Seja como for, se livre dele – ela jogou o cigarro no chão e o pisoteou – Você continua egoísta. Errou feio dessa vez.

— Apenas quis deixar o preconceito de lado uma vez na vida – revelei, mas estávamos os dois cansados demais para continuar a discussão – Olha, tente dormir um pouco, tome os remédios que te receitaram e descanse.

— Nosso filho está debaixo da terra agora – ela puxou a bolsa e se afastou – Não vou conseguir descansar tão cedo.

Observei ela se afastar e suspirei. Quando nos separamos, há dois anos, acreditei que as coisas voltariam ao normal um dia e ficaríamos juntos. Quando o tempo passou, entendi que jamais iríamos reatar. Nosso filho morava comigo e não nos restou nada além de uma boa amizade. Lembrei das vezes em que nós três nos reunimos, compramos pizza e rimos como uma família normal. Nunca mais fizemos nada disso depois que Damien resolveu se assumir.

— Obrigado mais uma vez por me deixar ir – disse Yuri, depois que dei a partida no carro – Desculpe não ter me controlado, achei que conseguiria ficar quieto e não incomodar ninguém.

— Você não incomodou – menti, lembrando de Judith – Vamos apenas tentar seguir em frente agora, okay?

Ficamos em silêncio durante metade do caminho. Por mais que achasse ele um bom garoto, não queria prolongar a conversa. Quanto mais rápido devolvesse ele para casa melhor, mas minha curiosidade sempre vencia a lógica.

— Sua família sabe sobre você? – Perguntei.

— Sim, mas somos só eu e meu pai. Minha mãe me abandonou quando eu era pequeno, então ele é a única família que tenho.

A frase soou um tanto melancólica, mas ignorei o tom dele e continuei com meus questionamentos.

— E ele aceitava você e Damien?

Lutador VerdeWhere stories live. Discover now