8. Ferimentos

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17 de maio: Capítulo especial em razão do Dia Internacional de Combate à Homofobia. É preciso unir forças para acabar com essa violência. Bote a cara no sol!

Dores por todo o corpo, rosto inchado, braço deslocado e um corte no abdômen

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Dores por todo o corpo, rosto inchado, braço deslocado e um corte no abdômen. Esse foi o resultado da minha louca aventura com os Skinheads.

Sinceramente, não sei como cheguei tão longe. Acreditei que poderia fazer a diferença, mas lá estava a prova de que não importava o quanto me esforçasse, a vida continuaria a me nocautear.

Com a derrota, me sentia um lixo. Por isso me arrastei pela escada sem saber ao certo o que fazer ou para onde ir. Pensei em procurar o hospital, mas depois do que fiz com os garotos, era bom evitar qualquer coisa que pudesse chamar atenção de policiais. Além disso, havia meu ego ferido.

Depois da luta, desviei das facas e corri para longe do grupo quando se tornaram uma ameaça grande demais. O Lutador Verde não teria sido tão covarde. Teria aguentado os socos e pontapés até a hora de revidar. E com certeza não teria perdido aquele maldito cachecol no percurso.

Bati na porta de Yuri o mais forte que pude. Meu instinto dizia para me afastar dali. Judith era enfermeira, podia me ajudar, mas após os papéis do divórcio não saberia o que esperar dela. Yuri era a única alternativa.

— Cruzes! – Exclamou o garoto, assim que abriu a porta. – O que houve com você?

— Preciso de ajuda – falei, com dificuldade.

Ele se apressou em me ajudar, colocou uma mão ao redor da minha cintura, pediu que me apoiasse nele e devagar me levou para dentro do apartamento.

Vi o sofá e me recusei a deitar por conta do receio em sujar as almofadas. Mesmo assim, ele não deixou que me sentasse no chão e trouxe uma cadeira. Não estava à vontade, mas era melhor do que nada.

— Quer que eu chame alguém? – Ele perguntou.

— Ninguém pode saber onde estou – falei, grunhindo de dor. – Não é uma boa ideia depois do que fiz.

— Feriu outra pessoa?

— Um deles levou um belo de um soco no nariz, mas os outros me atacaram com tudo. Não tive como me defender. Então pode-se dizer que fui a vítima dessa vez.

Ele ficou preocupado, correu de um lado para o outro, me deu analgésicos e juntou gelo em um pano de prato para improvisar uma compressa.

— Precisamos limpar esse rosto – falou, trazendo uma caixinha de primeiros socorros. – Vai arder um pouco, okay?

Concordei, mas quando ele umedeceu o algodão e o encostou no corte do meu lábio xinguei alto.

— Vamos lá, não é tão ruim assim – ele disse, rindo da situação – Se aguenta uma briga, isso aqui não é anda!

Lutador VerdeWhere stories live. Discover now