13. É hora da revanche

591 91 26
                                    


Certa vez precisei fazer compras no meio da madrugada

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Certa vez precisei fazer compras no meio da madrugada. Yuri havia saído com os amigos e reparei que estávamos sem nada para comer. Vivíamos a base de comida industrial, a prateleira da cozinha sempre estava cheia de pacotes de miojo, e resolvi renovar o estoque naquele dia. Enquanto circulava pelas prateleiras me vi perseguindo um rapaz da idade do meu filho. Não sei bem porque fiz isso, sabia que não era Damien, mas por algum motivo me convenci de que o dorso dele talvez tivesse alguma semelhante. Demorei para voltar à realidade, mas assim que o garoto se virou me afastei e voltei para casa sem nada nas mãos. Descobri ali que que o sentimento de perda pode nos consumir se não tomarmos cuidado. É preciso encontrar uma forma de seguir em frente, mesmo que batendo em cada homofóbico que encontrasse pelo caminho.

Ao me aproximar da praça encontrei um grupo de cinco homens brancos de cabeça raspada sentados em um banco. Aos pés deles estavam cerca de seis lâmpadas fluorescentes.

Devo ter observado os Skinheads por horas, aguardando uma justificativa qualquer para atacar. O capuz escondia boa parte do meu rosto e a escuridão servia para camuflar minha presença.

Começava a achar que não aconteceria nada quando dois garotos se aproximavam e os vi afastarem as mãos assim que avistaram o grupo.

— Vocês dois! – Um dos Skinheads chamou pelo casal – Estão juntos?

Deu para ver que só precisavam de uma confirmação para agirem, mas os garotos demonstraram medo e se afastaram às pressas, o que despertou um sorriso do líder do grupo. Ele pegou uma das lâmpadas e se levantou.

— Vão fugir, viadinhos? – Trinquei os dentes quando ouvi aquilo. – Não sem antes receberem uma lição.

Me aproximei o mais rápido que pude. Tentei manter a maior parte do meu rosto coberto e antes que qualquer um deles se aproximasse dos meninos me coloquei no caminho do líder e segurei a lâmpada.

Todo o grupo de aproximou. A essa altura o casal havia corrido para escaparem da confusão e quando o líder me encarou me diverti ao perceber que em volta do pescoço dele estava algo que me pertencia.

— Vim pegar meu cachecol de volta – informei, com abusando da ironia. – Se quiserem apanhar um pouco vou considerar isso um bônus.

O espanto dele não durou muito. Na verdade, o líder pareceu divertir-se com aquilo e convidou os colegas a chegarem mais perto com um sorriso tosco de quem confiava mais nos números do que na própria habilidade de luta.

— Lembram do maluco do cachecol, galera? – Perguntou aos amigos. – Parece que ainda não aprendeu a lição, irmão. – Conforme ele falava os outros se aproximaram, cada um se armava com uma lâmpada – Vamos ver se dessa vez aguenta o trampo ou vai correr feito uma bichinha.

Cerrei os punhos, preparado. Se era briga que queriam, era briga que iriam ter. Dessa vez estava preparado. Sabia que não lutariam justo e não me preocuparia em pegar leve.

Lutador VerdeWhere stories live. Discover now