20. Vingança

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Certa vez cheguei a pesquisar por "gay morto" em um site de buscas — entre aspas, para ter a ocorrência exata dessas palavras — e encontrei 4,6 mil resultados disponíveis. Em seguida, procurei por "homofóbico morto" e minha busca resultou em míseros 67 resultados.

Por essa e outras razões o ódio que sinto, às vezes transborda e faz com me machuque e, por vezes, outros que estão próximos.

Certa vez, um dos meus alunos apanhou na rua por ser gay. Acontece que, com o nariz quebrado e sangue escorrendo entre os dentes, ele tirou uma foto do próprio rosto pós-agressão e publicou no Facebook com a legenda: "A quem me chamou de bicha enquanto eu atravessava a avenida e depois veio atrás tentar me agredir, tudo que vai volta. É o que acontece quando alguém inseguro de sua sexualidade, vê alguém bem resolvido e tenta tirar a sua própria segurança. Te desejo melhoras".*

Sei que deveria ficar contente pelo garoto ter dado a volta por cima e enviado um recado ao agressor, mas simplesmente não consegui. Fui consumido pela vontade de fazer justiça com as próprias mãos, um sentimento tão forte que me fez explodir e bater na tela do computador com toda a força.

 Fui consumido pela vontade de fazer justiça com as próprias mãos, um sentimento tão forte que me fez explodir e bater na tela do computador com toda a força

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— Então foi assim que ganhou essa cicatriz na mão? – Perguntou Yuri, após ouvir a história. Seu semblante revelava verdadeira preocupação.

— Sei que parece loucura, mas é como se existisse uma espécie de monstro dentro de mim. Um demônio, talvez – revelei. – É assim desde que Damien morreu. Vejo as pessoas ao redor e percebo a forma como elas vivem em bolhas. Apenas reclamam e não se preocupam em fazer algo para mudar essa situação.

— Nem todos podem saltar em carros em movimento.

— Isso não é desculpa – afirmei, afundando o pé na areia da praia e olhando as ondas do mar que pareciam agitadas. – Há outras formas de lutar, ninguém precisa usar uma máscara e se auto declarar super-herói.

Ele baixou a cabeça, pensando no que eu disse.

Depois da minha crise de choro na boate optamos por ir embora e, na metade do caminho, estacionei perto da praia para respirar um pouco. Yuri me acompanhou no percurso até a areia.

Lutador VerdeWhere stories live. Discover now