5. Boxe

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O inimigo do Lutador Verde era um repórter sensacionalista que tentava fazer a opinião do povo contra o justiceiro

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O inimigo do Lutador Verde era um repórter sensacionalista que tentava fazer a opinião do povo contra o justiceiro. O personagem era complexo, fazia de tudo para conseguir o que queria e, no meio da história, comprava uma arma para tentar uma emboscada contra o herói.

Quando vi Antoni Karamo, antigo jornalista esportivo e agora âncora do canal 12, dando a notícia sobre os jovens de 18 anos que foram brutalmente atacados no estacionamento de um bar, imaginei que aquele era meu inimigo. Ninguém citou nada sobre o menino que foi espancado, tudo o que interessava era o motorista que hospitalizou os dois.

Desliguei a televisão e fui treinar um pouco. Fazia tempo que não usava o saco de pancada e vi ânimo em retomar os velhos hábitos.

Não estava arrependido pelo que fiz, na verdade aquilo me causou um frenesi. Não parava de relembrar a sensação que tive quando atropelei aqueles garotos. A forma como liberei minha raiva causando aquela destruição toda foi maravilhoso. Era uma maneira de finalmente fazer alguma coisa contra tantas injustiças.

Aqueles meninos poderiam ter matado o garoto só por ser gay. Como podia existir no mundo pessoas assim?

— Quer dizer que voltou a lutar?

Parei de socar quando ouvi a voz de Judith. Ela estava no umbral da porta com os braços cruzados.

Acalmei a respiração e tirei as luvas para limpar o suor da testa e do cabelo antes de conversar com minha ex-mulher.

— Terei que trocar as fechaduras para você aprender a tocar a campainha?

Ela revirou os olhos.

— Pensei que fosse te encontrar de ressaca, mas pelo visto está bem – ela não parecia satisfeita por isso. – Decidiu voltar a praticar boxe?

— Velhos hábitos não morrem.

— Pode pelo menos vestir uma camisa para conversarmos? – Ela encontrou uma blusa verde em cima do aparelho de ginástica e jogou na minha direção.

Peguei a roupa no ar e ao invés de vestir usei para enxugar o pescoço.

— Veio ver se eu estava bem? – Perguntei, curioso

— Claro que não – ela pegou um envelope volumoso da bolsa e me entregou – Meu advogado queria vir, mas era melhor que recebesse a notícia por mim.

Prestei mais atenção nela depois de ouvir aquilo.

Franzi o cenho e esperei pelo que viria.

— Estamos separados faz anos, mas nunca oficializamos isso – ela me entregou uma caneta quando abri o envelope – Esses são os papéis do divórcio.

— E achou que esse era o momento apropriado para isso?

Às vezes ela conseguia se mostrar fria demais, mesmo sofrendo tanto quanto eu. O cabelo desgrenhado, as olheiras e o jeito cansado revelavam que Judith não estava nada bem.

Lutador VerdeWhere stories live. Discover now