Capítulo 39

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— O Arthur enlouqueceu? Não vou pedir a ajuda de ordinários — exclamou, indignado, Leonard.

— Não vou destruir minhas amadas muralhas. Levaram tanto tempo para ficarem prontas! — resmungou Yudi, fazendo beicinho como uma criança.

— Arthur já tomou sua decisão. É melhor que façam logo. É a única forma — encerrou Marcus.

— Precisamos de uma garantia de que isso funcionará — disse Vitório, com suas palavras meticulosamente pesadas.

Marcus suspirou, cansado. Sabia, desde o minuto em que havia sido ordenado por Arthur que levasse os líderes para o escritório para repassar as últimas ordens, o que teria que enfrentar. Mas não estava disposto a discussões. Não ele, que poderia ter o cargo de qualquer um deles se quisesse.

— A única garantia que temos nesse momento é a de que morreremos a qualquer instante. Vocês primeiro, se não cumprirem as ordens do presidente.

— Seu...

Leonard começou, claramente incomodado pelo tom de Marcus, mas engoliu o restante seja lá de qual insulto estivera prestes a falar, porque a porta do escritório presidencial abriu-se.

— Algum problema, senhores? — Arthur perguntou, encarando friamente Leonard.

Os olhos do velho flamejaram, mas foi Yudi quem falou, correndo ao encontro do presidente.

— Arthur, querido, você não pode querer tirá-las de mim. Não pode, não pode.

A ruiva colocou um dedo na ponta do nariz de Arthur. Ele retirou sua mão lentamente e caminhou para sua poltrona.

— Primeiro, as ordens para que todas as regiões abrissem os portões. Agora quer destruir as muralhas. Algo mudou, Arthur? — perguntou Leonard, descontrolando-se e cuspindo em todos ao redor.

— Realmente mudou. Estamos sob ataque — respondeu, rispidamente, Arthur. — E pelo que fui informado, se não tivéssemos aberto os portões, suas regiões já teriam sido completamente devastadas.

— De fato — concordou Vitório, atraindo olhares fulminantes de Leonard. — Já não havia soldados suficientes em minha região, e quando os portões foram abertos, e os ordinários perceberam a situação geral, ofereceram-se para pegar armas e ajudar na batalha. Obrigaram os soldados mais feridos ou cansados a se afastarem um pouco para cuidados. Já teríamos sucumbido se não tivéssemos aberto os portões.

— Na região de Rodrik também foi assim — assentiu Marcus. — Estivemos em contato com eles, já que... bem, ele não está disponível.

Todos sabiam que Rodrik estava escondido completamente apavorado. Havia corajosamente dito antes de descer para os abrigos "que alguém falasse em seu lugar na primeira região, por motivos de saúde".

— Não há nada de impressionante nisso tudo. Os ordinários só querem sobreviver.

— Tanto quanto nós queremos — completou Vitório.

Leonard estava vermelho de raiva. O rosto contorcido em uma careta dava a impressão de que estava prestes a babar.

— Por que não votamos? — sugeriu Vitório.

Houve silêncio por um minuto. Arthur sorria.

— Por que não? — disse, por fim.

— Não — votou Leonard.

A seu lado, Vitório pensou por um momento.

— Sim.

Leonard levantou-se bruscamente da cadeira, mas não disse nada.

— Promete que construiremos outra depois? — perguntou Yudi.

Leonard bufou:

— Responda logo, Yudi.

Ela enrolava os cabelos vermelhos no dedo, com olhos perdidos.

— Não. Não quero.

— Sim — falou Arthur. — E como Rodrik não está presente e sou o presidente, tenho o voto de minerva. Sim.

Leonard socou a parede e Yudi resmungou qualquer coisa para si mesma.

— Agora sem maiores delongas — disse Arthur, levantando-se. — Façam seus contatos. Agora — acrescentou firmemente.

Alguém bateu na porta. Marcus olhou para o presidente que assentiu e dirigiu-se para abri-la.

Jones entrou.

— E então?

— Começou. Centenas de ordinários se ofereceram para ajudar. Alguns estão ajudando na batalha, tentando manter os Venoms ocupados, outros foram divididos em grupos, liderados por soldados, para distribuírem os explosivos. Só estão esperando meu comando.

— Pois você tem o meu — disse Arthur.

Sombras do MedoWhere stories live. Discover now