Capítulo 29

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Eu mal havia conseguido dormir naquela noite. Eu fechava meus olhos e inúmeras possibilidades para o dia seguinte inundavam minha mente, tirando meu sono. Eu temia que nossa visita à bruxa fosse em vão, e que ela não nos ajudasse em nada. Mas uma parte de mim tinha medo de descobrir a verdade. Medo de que fosse algo muito difícil de lidar. Mas eu precisava saber.

Eu sabia que havia algo incomum em mim. Me lembrei da noite de lua cheia, quando Alex foi arremessado contra a parede da caverna. E no dia seguinte, quando aquele raio atingiu a árvore na beira da estrada. No fundo eu sabia que aquilo tinha vindo de mim, como se eu tivesse algum poder sobre as coisas. Como se minhas emoções pudessem ser mesmo poderosas. Até mesmo perigosas. Eu precisava descobrir o por quê de tudo isso.

Eram 7 horas da manhã, e eu já estava de pé me arrumando para ir a Riverside. Alex havia me ligado na noite passada, me falando que ele e Agatha passariam para me buscar às 8 horas. Agatha tinha o carro, então seria ela quem nos levaria.

Desci as escadas correndo e fui até a cozinha. Eu estava ansiosa demais, e por mais que a fome me faltasse, eu precisava de forças para aguentar aquele dia. Encontrei meu pai sentado à mesa, tomando café puro e comendo rosquinhas açucaradas.

- Bom dia, querida - Ele disse por cima da xícara, o vapor subindo por seu rosto.

- Bom dia, pai - Me juntei a ele, e me servi de café.

Percebi seus olhos sobre mim, observando meu cabelo solto já arrumado em plena manhã, minha calça jeans boa e a camiseta amarela que eu gostava.

- Por que está tão arrumada? - Ele perguntou, desconfiado.

- Não estou tão arrumada - Tomei um gole do café e provei da rosquinha dando tempo para que eu pensasse em como explicaria. Ou melhor, como eu mentiria. - Me arrumo assim todos os dias - Dei de ombros, pouco convincente.

- Mas não em pleno sábado de manhã - Meu pai apoiou os cotovelos sobre a mesa e me encarou sério. - Selena, você é o tipo de pessoa que ficaria de pijama o dia inteiro se pudesse. Onde você vai?

- Vou sair.

- Claro! Isso eu já sei.

Mordi os lábios, me amaldiçoado por não ter pensado em uma desculpa antes.

- Selena - Meu pai insistiu, com a voz firme. - Onde você vai?

- Vou sair com uns amigos.

- Posso saber pra onde?

Eu não estava pensando rápido naquela manhã, e meu silêncio me condenou.

- Sabe, você não era assim - Ele suspirou.

- Assim como?

- Você não me escondia coisas antes. Não mentia sobre os lugares que ia.

- Isso talvez seja porque antes eu não fosse a lugar nenhum - Murmurei.

Foi a vez de meu pai ficar sem palavras.

- Está desconfiando de mim? Acha que eu faria algo errado?

- Não, Selena... - Meu pai balançou a cabeça, afastando a ideia.

- Então não me faça perguntas que não precisam de respostas - Me levantei de forma abrupta, fazendo barulho quando a cadeira arrastou no chão. Eu sei que eu me arrependeria do meu comportamento mais tarde.

Fiz menção de me virar para ir embora, mas a voz do meu pai me fez parar.

- Você não vai - Ele disse, sua voz estava trêmula, parecia fazer um grande esforço para permanecer firme.

O Uivo da LuaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora