Capítulo 12

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Na manhã seguinte, acordei cedo e fui me arrumar para ir à escola. Apesar de não ter sido uma noite muito boa, já que eu fiquei acordada até tarde com a cabeça cheia de pensamentos, meu corpo já não doía mais, o que era uma coisa boa. Também fiquei com medo de ter aquele sonho estranho novamente, mas fiquei feliz por isso não ter acontecido. Caminhei até o espelho e fiquei diante dele observando meu reflexo. Eu sentia que algo estava diferente. Mas não sabia exatamente o quê.

Suspirei e tentei focar em arrumar o meu cabelo, que estava um pouco bagunçado. Por fim, optei em prendê-lo em um rabo de cavalo no topo da cabeça. Observei meu reflexo mais uma vez, e então peguei minha mochila e desci para tomar café.

Assim que cheguei no último degrau, avistei meu pai sentado à mesa, com sua xícara de café, seu prato de torradas com geleia, e seu jornal matinal, como de costume. Larguei minha mochila ao pé da escada e me juntei a ele.

- Bom dia! - Falei enquanto me servia do café e me sentava ao seu lado.

- Bom dia, querida - Ele disse, erguendo os olhos do jornal, e me encarando com uma expressão séria. - Dormiu bem?

- Claro - Tomei um gole do café antes de continuar. - E o senhor?

Ele demorou alguns segundos para responder.

- Claro, claro! Dormi bem!

- Que ótimo! - Estiquei meu braço sobre a mesa a fim de alcançar os biscoitinhos de canela. Peguei um e dei uma mordida.

- Selena?

- Sim? - Respondi ainda com a boca cheia.

- A pergunta que você me fez ontem, sobre seres sobrenaturais - Ele fez uma pausa, me analisando atentamente. - Por que fez aquela pergunta?

Engoli o resto do biscoito em minha boca e pensei no que eu diria. Eu não sei se eu poderia dizer de súbito o porquê de eu ter dito aquilo.

- Bem - Falei com um pouco de receio. - É que eu estava vendo uma série de que gosto muito - Menti. - E então eu fiquei pensando. De onde eles tiram toda a inspiração pra fazer essas coisas? É muita loucura! E então eu pensei que talvez existam coisas parecidas no nosso mundo.

- Ah! - Meu pai disse, um tanto aliviado.

- Mas aí eu lembrei que não sou mais criança - Dei de ombros. - Essas coisas não existem. É que às vezes eu imagino o mundo de uma forma mais fantástica do que ele realmente é. Imagina se lobisomens andassem no meio de nós! Não seria loucura?

- B-Bem - Meu pai gaguejou um pouco ao dizer. - Acho que seria um loucura mesmo - Ele riu. Uma risada nervosa. - Mas isso não existe, Selena.

- Eu sei - Tomei o último gole do meu café e me levantei. - Tenho que parar de ler livros de fantasia. Estão mexendo muito com minha imaginação.

- Estão mesmo - Ele riu.

- Eu vou indo, pai - Me inclinei sobre ele e depositei um beijo em sua testa. - Até logo!

- Até logo, querida!

Peguei minha mochila, e já estava a centímetros da porta quando meu pai me chamou novamente. Eu parei e me virei.

- Selena?

- Sim?

- Você está bem, não é?

De repente senti um nó na garganta. E não sei porquê, mas sentia que lágrimas poderiam descer a qualquer momento. Eu não sabia mais o que eu era. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Não sabia em o que acreditar. E apesar disso tudo, eu sentia falta da minha mãe, e isso doía muito. Não, eu não estava bem. Mas, apesar disso, eu respirei fundo e contive as lágrimas que ousavam a descerem soltas por meu rosto. Engoli em seco e respondi:

O Uivo da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora