Capítulo 42

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Os dois homens ao meu lado não tentaram me segurar quando minhas pernas falharam e meus joelhos foram de encontro ao chão duro.

- Will – Um som fraco deixou meus lábios.

Eu não tinha forças. Não tinha forças ao vê-lo ali, a poucos metros de mim. O homem atrás dele o obrigava a se levantar, mas ele resistia. Apenas uma coisa parecia importar naquele momento. Seus olhos estavam focados em mim, e ele parecia não respirar. Medo. Ele estava com medo. Mas ao mesmo tempo, parecia aliviado.

- Levante-se! – O homem gritou quando ele mais uma vez se recusou a se levantar.

Mas Will parecia não se importar, parecia nem mesmo ouvir. O homem começava a perder a paciência. Então eu vi sua mão ir em direção ao cinto, e desembainhar uma espécie de faca arredondada levando-a em direção ao pescoço de Will. Meu corpo apenas reagiu. Senti braços tentando me segurar quando me levantei e corri em direção a ele. O homem com a faca mal teve tempo de me ver chegar quando foi atingido. Ele recuou alguns passos quando minha mão em punho atingiu seu maxilar. Eu era forte. Eu poderia ser forte quando precisasse ser.

Ele levou a mão ao rosto e fez uma careta, provavelmente sentindo dor. Ele se irritou. Se irritou pelo soco. Se irritou talvez por ter sido humilhado na frente de todos. Então ele ergueu a faca novamente e veio em minha direção, com passos determinados. Mas eu não cedi, nem ao menos tremi. Apenas o fitei, desafiando-o a seguir em frente. Incentivando-o a seguir em frente e acabar logo com aquilo. Mas quando restava apenas alguns centímetros entre nós dois e eu já me preparava para o encontro com a lâmina, meu tio protestou:

- Basta!

O homem parou de repente e desviou o olhar para ele, como se só agora se recordasse de sua presença. Ele abaixou a cabeça, reconhecendo seu superior.

- Me desculpe, senhor – Dito isso, ele recuou, ficando alguns passos atrás de mim.

Encarei meu tio esperando que ele me repreendesse, que gritasse comigo, mas ele não disse nada. Apenas cruzou os braços e observou com curiosidade. Eu o odiava. O odiava com cada parte de mim. Mas eu o ignorei e me voltei para aquilo que importava. Me ajoelhei na frente do meu amigo, bloqueando a visão dos outros sobre ele e segurei seu rosto entre minhas mãos.

- Will – Sussurrei seu nome. – Will, você está bem? O que fizeram com você?

Toquei o hematoma sob seus olhos com as pontas dos dedos, e por mais que eu soubesse que aquilo doía, ele não emitiu nenhum ruído. Ele nem ao menos piscava enquanto mantinha seus olhos em mim. Me observava como se eu fosse um fantasma. Como se eu não fosse real.

- Me desculpe – Lágrimas irromperam dos meus olhos quando joguei meus braços ao redor do seu corpo. – Me desculpe, Will. Isso é tudo culpa minha. Sabe que eu jamais quis que se machucasse. Eu...

- Você está viva – Ele sussurrou.

- O que disse?

Ele me afastou para poder ver meu rosto, mas não me soltou. Continuou segurando meus braços firmemente, como se eu pudesse desaparecer a qualquer momento e ele quisesse impedir a qualquer custo.

- Você está viva.

- Eu... estou. É claro que estou viva – Por enquanto. Eu estava viva por enquanto. – Por que eu não estaria?

Ele piscou pelo que parecia ser a primeira vez desde que o vi ali.

- Ah, Selena... – Ele me puxou novamente e me abraçou com o máximo de força que ele conseguia naquela situação. – Não sabe o que senti... Eles me disseram coisas horríveis. Disseram que você estaria morta logo – Suas mãos afagaram meus cabelos, e eu me permiti aquele carinho. Talvez eu nunca mais possa estar nesses braços novamente. – Eu só desejei poder sair e me certificar de que estava bem. E se não estivesse, eu iria até você e te salvaria. Não deixaria nada de ruim acontecer com você. Não sabe como a simples ideia de que você pudesse... Ah meu Deus! Isso me apavorou tanto, eu...

O Uivo da LuaWhere stories live. Discover now