Capítulo 25

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Eu não me sentia muito confortável em voltar para aquela caverna. Ali fora o lugar onde o problema havia começado. Onde eu havia descoberto sobre o meu possível lado sobrenatural. E agora eu estava retornando para aquele mesmo local. Mas eu precisava admitir, era uma escolha sábia.

Aparentemente, aquela caverna ficava em uma floresta bastante afastada da cidade em si, e não era comum que as pessoas frequentassem aquela região. Então estávamos isolados e seguros o bastante.

Enquanto Alex e eu seguíamos pelo túnel estreito que levava à parte mais aberta da caverna com uma lanterna para iluminar o lugar, não pude deixar de encarar as paredes grossas e o teto de onde pendiam grandes rochas pontiagudas e imaginar, com grande receio, a possibilidade de tudo aquilo desabar sobre nossas cabeças. O medo que eu sentia daquele lugar se intensificou ainda mais com esse pensamento. Se eu não precisasse de ajuda naquele momento, eu daria meia volta e correria para fora dali.

O túnel logo se abriu em uma área aberta e com o teto alto. O mesmo lugar onde eu acordara da última vez. Corri os olhos pelo lugar e vi que não havia quase nada ali. Apenas um saco de dormir enrolado em um canto e uma mochila. E do outro lado da caverna, de frente para uma parede, estava Agatha. Ela estava de costas para nós, concentrada em alguma tarefa. Assim que nos ouviu chegar, ela se virou.

- Oi - Sua voz doce ecoou por toda a caverna. - Vocês demoraram.

Normalmente, Agatha sempre estava perfeitamente arrumada. Sempre se vestia com roupas bonitas. Seu cabelo louro sempre estava imaculadamente penteado. E sempre usava algo leve no rosto: rímel, um pouco de blush rosado nas bochechas e nos lábios, um gloss igualmente rosa. Eu suspeitava que mesmo sem aquilo tudo, ela continuaria linda. E naquele momento, minhas suspeitas foram confirmadas.

Agatha usava uma calça jeans escura, um moletom preto com capuz e seu cabelo estava preso em um coque solto. Não conseguia ver seu rosto claramente de onde eu estava, mas suspeitava que ela também estava sem maquiagem. E mesmo assim, ela estava linda.

- Nós já estamos aqui - Disse Alex secamente.

Quando me voltei em sua direção, ele não estava mais do meu lado. Tinha ido para o outro lado da caverna, e se sentara no chão com as costas apoiadas na parede. Suas mãos estavam sobre sua cabeça, demonstrando a dor que ele sentia.

Instintivamente corri até ele, me ajoelhando ao seu lado.

- Está tudo bem? - Me arrependi no momento em que fiz aquela pergunta.

Que pergunta idiota! É claro que não está tudo bem.

Alex não respondeu. Continuou pressionando as têmporas e emitindo ruídos de dor. Meus olhos encontraram os de Agatha, e em silêncio, pedi ajuda sobre o que fazer. Ela apenas fechou os olhos e abaixou a cabeça. E eu soube que não tinha nada que eu pudesse fazer.

Alex estremeceu de dor novamente e soltou um grunhido tão agonizante, que fez com que Agatha corresse até ele também.

- Alex? - Ela acariciou seus cabelos carinhosamente, mas vi em seus olhos o quanto estava preocupada. - Isso logo vai passar. Eu prometo.

Alex não falou nada, apenas continuou ali, se contorcendo com a dor. As veias no seu pescoço pareciam querer saltar para fora, enfatizando ainda mais o quão intensa estava aquela dor. E por um instante, pensei ter ouvido sua pulsação frenética.

Ainda com os braços ao redor do irmão, Agatha me encarou com uma expressão confusa. Seus olhos azuis se estreitaram, parecendo que estava me analisando. Estava intrigada com alguma coisa.

- Tem algo errado - Ela disse. - Isso não faz sentido.

- O que não faz sentido?

- Você.

O Uivo da LuaWhere stories live. Discover now